Aluno cadeirante da Ufrgs luta pelo direito de colar grau com os colegas

Salão de Atos da universidade não tem acessibilidade necessária para deslocamento ao palco

O formando tenta solução com a universidade desde abril - Reprodução/Arquivo Pessoal

A formatura dos alunos de Relações Públicas, da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação (Fabico), da Ufrgs, que acontecerá em 10 agosto, ganhou destaque nesta semana após o estudante Alex Viana postar nas redes sociais um desabafo. Ele, que é cadeirante, desde abril deste ano busca uma solução para entrar no Salão de Atos da mesma maneira que os demais colegas, visto que o espaço não tem trajeto acessível ao palco. Após o formando realizar denúncia por discriminação no Ministério Público, a administração da universidade se manifestou.

Na quarta-feira, 18, Viana participou de reunião com nove representantes de diferentes setores da universidade, e com outro aluno de RP, também cadeirante. Inicialmente, a solução apresentada no encontro seria de que ele utilizasse um carrinho escalador até o palco e, depois, que o estudante fosse carregado até uma cadeira. Segundo a diretora da Fabico, Karla Müller, após a conversa, a Superintendência de Infraestrutura (Suinfra) da Ufrgs comprometeu-se a tomar uma solução, por enquanto provisória, para a solenidade: implantar uma rampa em frente ao palco, dentro das normas técnicas, pela qual todos os estudantes passarão. "É um passo importante para nós, visto que somos uma universidade com muitos alunos cotistas. Queremos e devemos ser mais inclusivos", disse em entrevista ao Coletiva.net.

O transtorno não é algo novo. Viana se formou em 2007 em um curso técnico oferecido pela instituição e, na solenidade, teve que entrar pela porta dos fundos. A universidade, que passou por reformas desde lá, não previu a questão de acessibilidade no Salão de Atos e, desta vez, o estudante quer ter os mesmos direitos dos demais colegas e espera que futuramente sejam tomadas medidas definitivas. "Só de conseguir entrar dessa maneira já tem todo um simbolismo. Tem toda a questão de igualdade envolvida. Não é só por mim, é pelos outros colegas que também merecem igualdade", concluiu o formando para o portal.

Em comunicado, a Ufrgs afirma estar "atenta à demanda feita pelo aluno". Confira a nota na íntegra abaixo:

"Atenta à demanda feita pelo aluno do curso de Relações Públicas Alex Viana, a UFRGS realizou na tarde de ontem, dia 18, reunião para apresentar as alternativas possíveis para que o estudante participe da cerimônia de colação de grau no Salão de Atos da Universidade. No encontro, que contou com a presença de Alex e de docentes e técnicos da UFRGS, foram discutidas as opções de acessibilidade oferecidas pelo Salão de Atos e, por fim, chegou-se a uma solução: a construção de rampa que permitirá que o aluno acesse o palco conjuntamente com seus colegas formandos, conforme o trajeto requisitado, de forma segura e autônoma.

Deste modo, a UFRGS reafirma seus esforços em adequar os espaços desta quase centenária instituição para oferecer acessibilidade, processo que vem sendo conduzido tendo também em vista que a partir de 2018 o Programa de Ações Afirmativas reserva vagas para o ingresso nos cursos de graduação de pessoas com deficiência".

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