A renovação do jornal impresso

Por Maicon Bock, para Coletiva.net

Ao se aproximar da Redação conduzindo um grupo de estudantes de Comunicação, colegas da Band costumam apresentar o Metro como o maior jornal do mundo. Já do lado de dentro, percebo um ar de surpresa nos rostos deles ao constatar o número reduzido de pessoas na equipe. "Como vocês conseguem fazer o jornal?" A pergunta é, geralmente, o ponto de partida para que eu explique a engrenagem por trás de cada edição, cuja tiragem é de 40 mil exemplares gratuitos de segunda a sexta-feira só na capital gaúcha. No país, são quase 500 mil exemplares por dia.

"Nossa Redação é descentralizada. Aqui produzimos o conteúdo local, a partir do Rio Grande do Sul, mas fazemos parte de uma rede de jornais que está em 21 países com mais de 130 edições escritas em 13 idiomas..." Assim começo a explicar o modelo de negócio do Metro Jornal, que surgiu na Suécia em 1995. A palavra-chave é compartilhamento, tão em evidência nesta época de influência das redes sociais. Nas dez edições do Brasil, a praça de São Paulo é o carro-chefe, produzindo conteúdo de Brasil, Economia, Mundo e especiais para as demais. A de Brasília é responsável pelo noticiário do Poder, Curitiba pelos desdobramentos da Operação Lava Jato e aí por diante. É numa reunião diária, às 15h, por telefone, que os editores trocam informações relevantes para montar o noticiário nacional, afinam a pauta e dividem as tarefas.

No caso da praça de Porto Alegre, acontecimentos como o julgamento de Lula no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), em janeiro, o encerramento precoce da QueerMuseu, no ano passado, e os desdobramentos da tragédia na boate Kiss tiveram alcance nacional não apenas nas páginas de todas as edições do Metro no País, mas também em várias publicações do Metro no exterior. Esta é outra prática comum dessa estratégia de compartilhamento de conteúdo. Reportagens especiais sobre turismo e esporte feitas pela equipe gaúcha, por exemplo, já ganharam versões em espanhol e inglês e foram publicadas ao redor do mundo.

Apesar de ser um jornal global, um dos diferenciais do Metro é o foco na cidade onde ele está. No caso da capital gaúcha, assuntos que interferem na vida dos cidadãos porto-alegrenses são os mais relevantes ao nosso leitor e, por isso, os mais importantes dentro do nosso foco de cobertura, notadamente abordando temas como os desafios da mobilidade, os projetos de infraestrutura e o esporte e a cultura locais. Nessa lógica, o aumento no preço dos parquímetros descoberto em primeira mão pode ganhar mais destaque que o reajuste do salário mínimo, que estará em todos os outros jornais. Mas, claro, cada edição traz sempre o que acontece de mais importante no país e no mundo numa linguagem concisa e direta, porque as fontes de informação são muitas e ninguém tem tempo a perder. Como diz nosso slogan, o Metro oferece "informação que cabe no seu dia".

O êxito do Metro mostra que a mídia impressa está se renovando. O jornal tem agilidade, qualidade gráfica, editorial e publicitária. A distribuição nos semáforos das cidades brasileiras, feita de forma personalizada por nossos promotores que entregam o jornal do dia literalmente nas mãos dos leitores, foi pensada de modo a atingir um público qualificado que se desloca para girar a economia. Para os anunciantes, a equipe comercial oferece ações diferenciadas e criativas para aproximar as marcas dos consumidores. Nos últimos anos, anunciantes do Rio Grande do Sul como Uniritter, Cyrela Goldsztein e Votorantim tiveram ações destacadas no Best of Metro, que seleciona os melhores cases do mundo. Já tivemos misses, patinadores e atores caracterizados de zumbis como promotores dos jornais nos pontos de distribuição. Tudo para chamar atenção dos leitores para as ações do jornal e de anunciantes.

Em Porto Alegre, o jornal já foi reconhecido duas vezes seguidas como Veículo do Ano da Associação Riograndense de Propaganda (ARP). E é o atual Veículo Impresso do Ano do Prêmio Colunistas Região Sul.

Não tenho respostas sobre o que acontecerá com os jornais impressos, mas sei que o futuro é móvel. E o Metro já nasceu nas ruas, marcado por conceitos de agilidade, mobilidade e proximidade com o leitor.

Maicon Bock é jornalista e editor executivo do Metro em Porto Alegre.

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