Atenção, se você é homem e gosta de mulher, tem boas chances de melhorar seu voto este ano: basta descobrir a diferença entre assédio sexual e cantada.

Por Roberto Pintaúde, para Coletiva.net

Por que 2018 pode dar certo? Primeiro, porque haverá Copa do Mundo, mas, ao contrário de outros anos com acontecimentos idênticos, como Copa do Mundo e eleições em um mesmo ano, o que faz o povo brasileiro colocar as mãos na cabeça e exclamar: "Puta que os pariu - Copa e eleições de novo! Este País não tem jeito mesmo". Acredito que, desta vez, a Copa será, ao contrário de anos anteriores, um bom pretexto para a gente se animar, pois tudo indica que o técnico - o colono Tite - realmente conseguiu resgatar o bom futebol brasileiro, exatamente ao contrário do treineiro Dunga.

Mas o publicitário gastava um tempo imenso de sua vida profissional para falar que uma de suas maiores frustrações tinha a ver com o fato de ser apaixonado por música e, no entanto, sentia-se uma nulidade para transformar seu sonho de virar artista e sobreviver desta atividade, considerada uma das principais, senão a mais significativa das artes. Confortava-o a possibilidade de trabalhar com jingles, inclusive políticos, e outras peças sonoras, desde o antigo carro de som a spots, decorrência de sua bem-sucedida carreira de publicitário.

Quem, realmente envolvido com propaganda em sua aldeia, passando por estudantes de comunicação, anunciantes, produtoras de áudio, agências e afins, não conhecia trabalhos para a mídia rádio como os desenvolvidos para a loja que te entende? Dentro dele, uma voz interior, finalizando o ano insistia, no entanto, querendo razões que justificasse sua crença de que um ano com maus augúrios como 2018, pudesse dar certo.

As eleições, ah, as eleições, mas como um quadro político tão sem esperança poderia animar alguém a ponto de acreditar em janeiro, ainda, de que em outubro nosso voto tivesse força para reverter um quadro com uma cara tão assim, tão feia? Ah, o marketing e/ou a propaganda! Não, isto não seria o suficiente. Aliás, bom seria se os marqueteiros não pensassem tanto em dinheiro, e sim, um pouco em cidadania, em Brasil, em um país um menos corrupto que fosse, ao colocar seus talentos a disposição do chamado marketing político.

Dentro dele, finalizando o ano, havia um desejo minucioso de examinar-se. Quando essa revisão chegou junto com a segunda parcela do 13º, lembrou que em 13 de dezembro, fecharam-se os dois primeiros anos da morte de sua mãe. Apertava, ansioso, o botão, chamando o elevador e este parecia demorar um pouco mais do que o habitual. Assim que a ninfeta embarcou com ele e acionou o botão do 4º andar, a palavra clitóris não lhe saiu mais da cabeça e ele deu boas risadas, relacionando a força de tão pequeno órgão com as próximas eleições de 2018. Forçou a barra e concluiu que, como o clitóris, eleições são o centro, o motor de tudo que move o mundo e lembrou da frase: "Mude o país, discuta política".

Voltou a lembrar de sua mãe, a relação dela com o sexo, difícil, segundo suas próprias palavras, e encheu-se de esperança ao lembrar o quanto ela foi bem sucedida e sempre cheia de esperança pela vida afora, carregada de trabalho e luta para criar e educar os filhos e os bons resultados. Animou-se - lembrou outra vez do clitóris da ninfeta, e acreditou ter encontrado a resposta para sua convicção: 2018 pode dar certo, porque, além da possível alegria trazida por um novo título mundial a ser conquistado na Rússia, as eleições poderiam trazer um novo alento, desde que o voto fosse tratado com o mesmo carinho como deve-se tratar o clitóris; seria necessário, também, que a expectativa de alguns malucos para eleger Bolsonaro, fosse castrada, transformando tal desejo em apenas uma foda mal dada, como costumava-se dizer no IAPI.

Enfim, dá pra botar fé nestas eleições para melhorar o Brasil, porque, finalmente, graças, outra vez, às mulheres e seus clitóris maravilhosos, os homens estão aprendendo a diferença entre assédio sexual e a cantada. Parodiando o hino francês, dias de glória estão chegando, desde que, claro, não resolvam lançar o técnico, possível campeão do mundo - Tite, para presidente, e contratar a Catherine Deneuve para desenvolver a estratégia de marketing e/ou propaganda. Assim, fique atento na hora de escolher o seu candidato e votar: há os candidatos que seduzem com uma cantada, há os que assediam com propostas indecorosas, e há, ainda, os que estupram; logo, tome cuidado quando as propostas de marketing e/ou propaganda forem mirabolantes demais.

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