O bem comunicar

Por Cleber Bertoncello, para Coletiva.net

Possivelmente, você já ouviu ou leu algo do tipo: "Comunicar-se bem é fundamental para um bom político". Ou então: "Política e comunicação precisam andar juntas". Por fim, quem sabe, tenha visto em algum lugar a variável poética: "Para ser bem votado, o político tem que ser bem comunicado".   

Não há inverdades nas afirmações acima. Mas elas carecem de atualização.

Antes, o político, fosse no exercício de um mandato, fosse numa campanha, podia se valer do dom da oratória - quando existente - para encantar a multidão, aliando a essa qualidade uma comunicação basicamente feita de folders, informativos, entrevistas a rádios, notas em jornais e disputadas presenças em programas televisivos.

Agora, a multidão não se forma mais, folders e informativos são constantemente alvo de críticas devido aos custos e a sujeira, rádios, jornais e televisões, também na busca por público e para não serem acusados de cumplicidade, dificilmente abrem espaço para notícias positivas da política. E elas existem, acreditem.

A questão é como comunicar-se bem - ou ser bem comunicado - em um cenário destes. Ferramentas, métricas, táticas e técnicas são freneticamente empregadas nas redes sociais e na rede como um todo na busca por engajamento, visibilidade e, principalmente, em se tratando de política, por futuros votos.

Nesse cenário, o assessor de comunicação que, antes, quando muito tinha o apoio de um publicitário e se valia de sua própria e intransferível rede de contatos para levar os feitos de seu chefe ou entidade até o conhecimento da população, tem, agora, muitas companhias, sobretudo no mundo virtual. Há uma nova ordem na comunicação política.

Lutar contra ela não é uma alternativa. Assim como foi expulso o cigarro nas redações, tirado da parede o quadrinho com o diploma do curso de datilografia, abandonados os jacarés e gravadores nas entrevistas, precisamos deixar os velhos hábitos do comunicar político descansarem em paz.

Ter boas empresas de marketing e estratégia, agências de conteúdo digital, cientistas e inteligência de dados ao lado, tornou-se essencial no setor comunicacional de governos, assembleias, câmaras, empresas, instituições e campanhas. 

Também é necessário aos políticos entender que os eleitores não querem mais apenas bons oradores ou vistosas matérias ou materiais. Querem honestidade, transparência, simplicidade, entrega de serviços e obras. O bem comunicar na vida pública, nestes primeiros anos do milênio, é realmente fazer a diferença na vida das pessoas.  

Cleber Bertoncello é jornalista.

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