O melhor antídoto é o próprio veneno

Por Wayner Bechelli, para Coletiva.net

Fake news é a expressão da vez. E adivinhe? Você ainda continuará ouvindo muito a respeito. De acordo com o The Guardian, a expressão teve um aumento de 365% entre o período de 2016 e 2017, quando foi eleita "Word of the year" pelos lexicógrafos do Collins Dictionary's, que monitoram buscas por significados pela internet.

Em ano de eleições ainda presenciaremos muitos casos acontecendo ao nosso redor. A pergunta que faço é: quem poderá lhe ajudar? Com certeza não haverá um herói para isso, a menos que utilize alguma capa vermelha e ande de máscara pela madrugada em busca de BOTs do lado negro da força.

Não deveríamos nos surpreender tanto com essa onda, pois durante toda nossa vida foi assim. Algumas marcas nos contaram histórias fakes em busca de uma identidade mais autêntica e consequentemente aumento de vendas. Pessoas nos mostram todos os dias suas vidas ilusórias nas redes sociais, em busca de algo mais. Os imperadores, ou os políticos de séculos passados, criavam documentos falsos e alastravam na sociedade notícias que vinham ao encontro de seus interesses de guerras e conquistas. Como no caso do romano Marco Antônio que perdeu seu poder e ainda se suicidou ao descobrir por soldados inimigos a morte de sua amada Cleópatra que, na verdade, ainda estava viva. Muitos acham que os BOTs, robôs que simulam ações humanas nas redes, são os únicos culpados por essa onda. Mas por trás disso sempre estivemos nós humanos e a cascata de rumores.

Aprendemos que para toda doença existe uma cura, algumas já identificadas e remediadas e outras ainda em processo. No caso da fake news, o maior antídoto é a própria informação que buscamos e repassamos adiante.

Precisamos combatê-las utilizando a consciência e, para isso, basta fazer sua parte, tomando alguns cuidados antes de influenciar a rede. Busque sempre empresas confiáveis, com credibilidade e pessoas que se preocupam com a reputação profissional. Não é à toa que jornais e grandes portais de notícias estão mostrando reações de consumo em números nos últimos meses. Lembre-se que, ao curtir, compartilhar e/ou marcar amigos, você chancela e passa a fazer parte da cadeia de informação. E, assim, sua imagem também pode ser ferida por decisões como esta. Detalhes como a data das notícias fazem toda a diferença dependendo do contexto em que elas circulam. Verifique sempre. Por fim, desconfie de chamadas extravagantes que causam espanto e curiosidade, pois, normalmente, esse é o tipo de mensagem que gera mais repercussão e propagação nas redes.

E, mesmo assim, será o suficiente para acabarmos com as fake news? Certamente não, mas talvez com um pouco de esforço próprio e com a evolução da inteligência artificial consigamos elevar a confiabilidade dos conteúdos nas redes.

Wayner Becehlli é publicitário e sócio do Black Sheep Project.

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