Assessorados de primeira viagem
Por Grazielle Araujo
Neste ano, mais da metade dos gabinetes da Assembleia Legislativa serão ocupados por novos deputados. Grande parte nunca teve assessoria de comunicação. Neste momento, misturam-se oportunidades, experiências e confiança de quem chega para somar e compartilhar os aprendizados deste novo ciclo.
Como de praxe, sempre prefiro acreditar que em tudo na vida a gente encontra um lado bom. Não estarei vivendo isso para constatar as verdades e minhas percepções de mera espectadora. Mas vejo este momento, para os colegas que assumem, como algo verdadeiramente especial e desafiador, acima de tudo. Vou querer saber deles como será essa rotina, nada que umas tardes de plenário e de votações estendidas não rendam boas conversas.
A partir do dia 1º de fevereiro, começa - valendo - a hora da troca entre o assessor e o assessorado, do chega mais, do me conta um pouco de ti que eu vou falar de ti para outras pessoas. A gente precisa conhecer o jeito, as qualidades e os defeitos, as crenças, os medos, os anseios. É o momento de ensinar e aprender, de bater as cabeças, construir uma história que vai durar, no mínimo, quatro anos. De cumplicidade, sem melindre ou querer parecer o que não é.
Terão momentos de lapidar, de moldar, de testar. Aqui entra a importância do media training, de calcular o risco, de acordar o momento certo de falar e, claro, sobre o que falar. Um frio bom na barriga quando a gente vê que o esforço é mútuo e o resultado vai dar certo. Faz parte da construção de um perfil que vai sustentar a imagem ao longo da trajetória.
Outro ponto que cabe destacar é que o assessorado precisa saber quem são os jornalistas, quais veículos eles representam, qual a linha editorial de cada um deles. O dia a dia, os prazos, as pautas. A relação começa a se estabelecer a partir daí, encurtando as distâncias. Respeito, conhecimento e reconhecimento. Jornalistas são peritos em provocar, instigar... mas também sabem reconhecer boas fontes, gente que fala a verdade e que sabe criar pautas de interesse. É preciso despertar esse tino de notícia, de factual, de opinião. O assessorado precisa falar o que pensa para o assessor, se prefere ser protagonista ou ficar de coadjuvante. E então, o trabalho já pode começar.