Náusea

Haja o que houver nos Jogos Olímpicos do Rio, no ano que vem, uma vergonha gigantesca ficará: perdeu-se (mais) uma oportunidade de ouro para …

Haja o que houver nos Jogos Olímpicos do Rio, no ano que vem, uma

vergonha gigantesca ficará: perdeu-se (mais) uma oportunidade de ouro

para sanear a Baía da Guanabara, um dos principais cartões-postais da

Cidade. Não há desculpas.

Renato Maurício Prado -  O Globo
Em 1858, sessões do Parlamento inglês, em Londres, foram suspensas por causa que o Rio Tâmisa, que atravessa a metrópole, era conhecido como o "Grande Fedor". Iniciou-se o processo de despoluição, a decisão política não esmoreceu e foram quase 120 anos de investimento no saneamento das suas águas. Milhares de milhões de libras permitiram que remadores, velejadores e até pescadores pudessem usufruir o Tâmisa que, hoje, conta com 121 espécies de peixes. Por volta de 1950, o rio já estava com problemas e novas ações foram iniciadas.
Esse exemplo do Rio Tâmisa é uma prova de que o Brasil não é um país subdesenvolvido, apesar das muitas riquezas que possui, mas, sim, pela pobreza de gestores que oficializam promessas e se comprometem - internacionalmente - com a ação de tarefas que não cumprem. Antes da presidentA se tornar o Pinóquio do País, o Comitê Olímpico Brasileiro se comprometeu a despoluir a Baía da Guanabara. Mais Pinóquio na conta do subdesenvolvido!
Há mais de 50 anos, foi firmado um protocolo no qual o Japão auxiliaria o Brasil na despoluição da Baía de Guanabara. Nestes 50 últimos anos, a nossa Baía está muito mais poluída do que estava. Nunca houve vontade política para uma ação que apagasse essa sujeira do nosso mapa.  Náusea.
No dia 14 deste mês, o biólogo Mario Moscatelli, que há mais de 25 anos se empenha na proteção do meio ambiente do Rio, enviou uma carta que O Globo publicou: "Nunca, em tempo algum, as autoridades brasileiras tiveram qualquer interesse de recuperar o que quer que seja na Baía de Guanabara. Isso já vinha sendo denunciado sistematicamente desde 2013. Mais um estelionato ambiental impetrado de forma intencional e criminosa por autoridades que não têm o menor respeito, seja pela natureza, seja pela população ou pelos compromissos assumidos diante do mundo e do COI. Mais um 7×1 que o Rio de Janeiro assiste, tendo como pano de fundo a certeza da impunidade que permeia a vida desses que se autodenominam gestores públicos. Vergonha, vergonha, vergonha! Mas, um dia, a casa cai!"
Na minha opinião, a casa já caiu.
Inté.

Autor
Mario de Almeida é jornalista, publicitário e escritor.

Comentários