O gaúcho está reaprendendo a "fazer a lista de compras"!

Com a crise econômica, o gaúcho está reposicionando os hábitos de consumo, revendo "sua lista de compras", aculturando a premissa da pesquisa de preço, …

Com a crise econômica, o gaúcho está reposicionando os hábitos de consumo, revendo "sua lista de compras", aculturando a premissa da pesquisa de preço, retomando a prática "da pechincha" e buscando marcas e produtos alternativos. Este processo de "ajuste fiscal doméstico" é reflexo do atual momento e sucede o momento anterior de crescimento econômico, onde o gaúcho estava "aumentando a sua lista de compra" e escolhendo em função da qualidade e da marca. Agora, as marcas secundárias, com preços competitivos, estão passam a ser reavaliadas pelos consumidores que buscam produtos alternativos.
O temor da população é de que haja uma redução generalizada do seu poder de compra resultante do aumento de preços, especialmente, dentro da nova classe média. E o medo é que esta diminuição do poder de compra seja acompanhada do aumento do desemprego.
Ao longo das diferentes pesquisas realizadas neste segundo semestre de 2015, o IPO - Instituto Pesquisas de Opinião tem monitorado a readaptação da população consumidora e os novos hábitos de consumo, que estão sendo constituídos no cotidiano de cada um dos principais segmentos que compõem o varejo gaúcho.
No supermercado = O consumidor começou o corte com os produtos considerados supérfluos em cada residência e que está associado aos produtos que estão ?fora de cesta básica?. Segundo os entrevistados, a maior parte destes produtos "são os de geladeira", em especial, produtos congelados. No açougue, a regra do consumidor é pela diminuição da quantidade de carnes e a busca por substitutivos, mesmo que impacte na revisão do cardápio da família. O setor de higiene e beleza e os artigos de uso pessoal ou doméstico também são alvo do corte das famílias, com diminuição do consumo de produtos secundários, que ?podem ficar para depois?.
Na farmácia = Trata-se de um segmento com um impacto considerável nas despesas de cada residência, em especial, dentre a população com mais de 50 anos. O primeiro corte esteve associado aos produtos de higiene e beleza pessoal, e o segundo corte atinge as medicações consideradas secundárias por cada consumidor, desde os suplementos vitamínicos, fitoterapias até medicamentos que o consumidor julgue como desnecessários, que segundo o consumidor ?pode passar bem sem?.
No setor de vestuários, calçados e acessórios = Os consumidores afirmam que estão ?freando o consumo por impulso?, em função do endividamento das famílias e da diminuição da oferta de parcelamento sem juros. A tendência é de diminuição do ticket médio do setor, com uma decisão racional otimizando custo X benefício da compra. Neste cenário, além das promoções, será primordial o atendimento personalizado e um mix de opções que atenda às diferentes preferências e necessidades.
É uma nova tendência de consumo, o consumidor continuará comprando, mas sua decisão será menos impulsiva e mais seletiva, de acordo com as suas necessidades. Neste contexto, o preço torna-se um dos principais fatores de decisão!

Autor
Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO - Instituto Pesquisas de Opinião em 1996 e tem a ciência como vocação e formação. Socióloga (MTB 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e tem especialização em Ciência Política pela mesma instituição. Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Elis é conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) e Conselheira de Desburocratização e Empreendedorismo no Governo do Rio Grande do Sul. Coordenou a execução da pesquisa EPICOVID-19 no Estado. Tem coluna publicada semanalmente em vários portais de notícias e jornais do RS. E-mail para contato: [email protected]

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