Acenda a fogueira dentro do meu coração

Por Márcia Martins

No domingo, 24, os católicos comemoram o aniversário de São João Batista. Reza a lenda que o santo festeiro é um tantinho preguiçoso e prefere dormir o dia todo para não ver as fogueiras aqui na Terra e junto adormecer a vontade de descer e comemorar com os humanos. Independentemente se João participará ou não dos festejos, aproveite para curtir o santo, enfeitar a casa ou o trabalho com bandeirinhas juninas, se tiver um espaço adequado, acenda uma fogueira e abuse daqueles quitutes deliciosos, desfrute de um bom quentão e se permita escutar aquelas músicas alegres dos santos nascidos em junho.

Então, capriche na comemoração de uma das festas mais tradicionais do calendário brasileiro e que de quebra mostra um belo retrato da diversidade cultural do País. Espie o céu, que dizem, ficará todo iluminado, todo estrelado, pintadinho de balão. E solte a alegria, seja aplaudindo o casamento caipira, esbanjando felicidade ao brincar na barraca do beijo, arriscando a sorte ao comprar números das rifas e divertindo-se na pescaria e em outros jogos da Festa de São João.

Mas muito cuidado. Na hora de fazer pedidos, não faça ao santo errado. Se está com intenções de conseguir um (a) namorado (a), paquerar ou até mesmo arrumar um casamento, nada de pedir ao Santo João. O famoso casamenteiro é o tal do Santo Antônio, cuja data de nascimento já passou, foi em 13 de junho, portanto, agora só em 2019 para fazer os tais pedidos. A título de informação, João e Antônio vieram juntos com São Pedro, outro santo nascido em junho, na bagagem dos portugueses durante o processo de colonização.

Se a proposta é pedir casamento, daqueles duradouros, que comemoram bodas de ouro até que a morte os separe, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, dirija-se ao Santo Antônio. Porque o São João, embora possa ajudar nas simpatias para decifrar o nome do eleito (a), todas feitas na véspera, não é muito eficaz para auxiliar na união das pessoas, é um santo festeiro. Ele gosta mesmo é de comer rapadura, pé de moleque, pipoca, bolo de fubá, pinhão, milho cozido e um quentão fumegante de tão quente.

Para ser democrático, que tal deixar João aproveitar a festa, empanturrar-se com as comidas, apreciar as brincadeiras e observar a beleza da fogueira. Aqueles que cultuam as tradições juninas e católicas comentam que as pessoas soltam fogos de artifício na festa de São João para acordá-lo. Da minha parte, apesar da tentativa válida de tentar acordar João e trazê-lo para a sua festa, peço encarecidamente que não soltem os foguetes, uma vez que sou uma defensora dos animais e eles se incomodam muito com estes barulhos. Meu cusco filhote vira-lata Quincas Fernando Martins é daqueles cachorros que odeiam o estampido dos fogos e com certeza João não gostaria de ver meu cão irritadiço.

Então, na noite de São João, pule a fogueira Iaiá, pule a fogueira Ioiô, mas cuidado para não se queimar, pois esta fogueira já queimou o meu amor. E pensando no cabloco a noite inteira, vou acender uma fogueira dentro do meu coração.

Autor
Márcia Fernanda Peçanha Martins é jornalista, formada pela Escola de Comunicação, Artes e Design (Famecos) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), militante de movimentos sociais e feminista. Trabalhou no Jornal do Comércio, onde iniciou sua carreira profissional, e teve passagens por Zero Hora, Correio do Povo, na reportagem das editorias de Economia e Geral, e em assessorias de Comunicação Social empresariais e governamentais. Escritora, com poesias publicadas em diversas antologias, ex-diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindjors) e presidenta do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Porto Alegre (COMDIM/POA) na gestão 2019/2021. E-mail para contato: [email protected]

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