Saber ou não saber
Por Fraga
"Só sei que nada sei", teria dito Sócrates.
"Só sei que acima de tudo ignoro todos" parece repetir sem parar o deprimente eleito. Ou seria "só sei que acima de todos ignoro tudo"?
Sabe-se lá.
No vazio de tanta desinformação, só sabemos o que vaza sem querer vazar, na maré vazante dos vazamentos.
Sabe lá o que é isso?
Não sei nem quero saber, é insabido se o saber ocupa ou não ocupa lugar. Por outro lado, se sabe sabiamente que a ignorância preenche bilhões de crânios, ucranianos ou não.
Dessa turma, sabe-se mais: que o casal Notório Saber e Santa Ignorância já matricularam três filhos na escola. São eles: a Falsa Cultura, o Conhecimento Superficial e a Informação Descabida.
Sabidamente, são alunos da escola sem partido, aquela mantida - sempre se soube! - pelos partidos sem escolaridade.
Porque já não há mais nenhum sabe-tudo no país da insapiência. Claro, ainda se vê sabedoria popular por aí, mas nem se compara à popularidade da burrice.
Mas se você quer mesmo saber a verdade, seja sábio: nem queira saber.
Do Brasil de antanho ao Brasil do futuro, ninguém sabe mais nada, nada, nada - nem nadando.
Quanto a mim, antigamente eu sabia que o sabiá sabia assobiar, pois o sabido sabiá sabia se o assobio podia ser assobiado, e agora, ressabiado, cala o bico na atual terra dos biscates.
Hoje, tudo que sei é que a forma mais frequente de acumular informação inútil é clicar em "saiba mais".
Enfim, sei lá.