Cinco perguntas para Fernanda Pugliero

Chefe de Reportagem do Correio do Povo, Fernanda Pugliero pesquisará a estrutura do jornalismo impresso na era digital na Alemanha

Fernanda Pugliero | Crédito: Alina Souza
1 - Quem é você, de onde vem e o que faz?
Nasci e cresci em Porto Alegre, apesar dos meus pais serem do Interior. Minha mãe, de origem alemã. O pai, uma mistura de italiano com espanhol. Eles se mudaram para Porto Alegre por questões profissionais antes de eu nascer. Morei na capital gaúcha até os 21 anos, daí me mudei para outro Porto, em Portugal, onde fiquei por quase três anos e completei minha segunda graduação, Geografia. Eu sou jornalista, amo escrever e conhecer pessoas. Atualmente, trabalho no Correio do Povo, onde sou chefe de Reportagem há mais de um ano. Também gosto bastante de falar, mas a cada dia aprendo um pouco mais sobre a importância de ouvir. Todo mundo diz que sou uma pessoa do mundo, talvez por eu já ter visitado diversos países nos cinco continentes. Mas eu não tenho certeza se concordo com isso. Acho apenas que aprendi a me adaptar facilmente a qualquer tipo de situação, sou curiosa e sempre busco o novo.
2 - Como se deu sua escolha pelo Jornalismo?
Uma professora do colégio, acho que na oitava série, chamada Maria Auxiliadora, sempre elogiou muito meus textos e posicionamentos. Na época, entretanto, eu não pensava sobre qual profissão queria seguir. O primeiro vestibular que fiz foi para Relações Internacionais, na Ufrgs, no verão de 2004. Era o primeiro ano do curso e havia mais de 30 candidatos por vaga. Não passei. Planejei então fazer cursinho pré-vestibular para tentar novamente no ano seguinte o ingresso na Universidade Federal. Acabei me dedicando a cursos de idioma (inglês e alemão) no primeiro semestre de 2004. Em julho, após uma conversa com meus pais, acordamos que eu deveria tentar o vestibular da PUC ao invés do cursinho. Fiquei na dúvida entre cursar Direito ou Jornalismo. Pesou então o comentário da minha professora da oitava série. Passei no vestibular de inverno da PUC em 2004, amei o curso, que concluí em julho de 2008.
3 - Quais são os desafios de ser chefe de Reportagem do Correio do Povo?
Me senti muito honrada e feliz quando me convidaram para assumir o cargo no final de 2014. Eu sou a chefe de Reportagem mais jovem da história do jornal, que tem 120 anos. Eu já havia substituído as outras duas chefes de Reportagem durante as férias, então não era uma novidade a rotina de trabalho. No entanto, tenho que admitir que a responsabilidade pesou bastante no início, apesar de eu achar que hoje estou super adaptada à função e a exerço muito bem (mas isso seria bom confirmar com o meu chefe, o Telmo Flor). Essa questão da idade também foi um desafio. Tem gente que me conhece pessoalmente e acha que eu sou estagiária do jornal. Nem sempre o mal-entendido ocorre, mas, quando acontece, encaro como um elogio, pois é sinal de que eu aparento ser mais nova ainda. Claro que é muito bom ser repórter, ir para rua e conhecer as fontes pessoalmente. Essa é a essência do Jornalismo. Mas eu acredito que eu sempre tive um perfil mais de gestão. Acho que a experiência na reportagem por mais de três anos me ajudou muito na função de chefia, me fez conhecer e ser conhecida. Tenho saudades de ser repórter e provavelmente vou ter saudades de ser chefe de Reportagem também agora que estou prestes a iniciar um novo desafio.
4 - A partir de julho, passará uma temporada na Alemanha. Como está sendo a preparação para esta etapa?
Uma correria! Aqui no jornal já está tudo certo. Vou sair de licença pelo período da bolsa e pretendo contribuir, em um segundo momento, como correspondente. Eu me graduaria em licenciatura em Geografia pela UFRGS em agosto, mas, como tenho que partir antes disso, estou correndo para agilizar colação antecipada de grau. O projeto de pesquisa que eu vou desenvolver na Alemanha já está pronto desde agosto do ano passado, com cronograma e tudo. Essa etapa começa em novembro. Antes disso, de julho até outubro, vou voltar a ser estudante em tempo integral. Para participar da bolsa é obrigatório adquirir fluência em alemão. Eu já falo bem, o suficiente para trabalhar em um jornal de lá, o que fiz em 2013. Mas minha intenção é falar alemão melhor do que português, então será bem puxado. Por enquanto, nesses 20 dias antes de partir, estou sofrendo de saudades antecipadas e tentando me despedir das pessoas que fazem parte da minha vida.
5 - Além da temporada fora, quais são seus outros projetos para o futuro?
Essa foi exatamente uma das perguntas da seleção para a bolsa na Alemanha: "Como você se vê daqui a 5 ou 10 anos?" Eu respondi certeira: "Quero fazer alguma diferença na minha área de atuação". E eu realmente acredito que essa pesquisa que eu irei desenvolver possa apontar boas práticas e direcionamentos para o Jornalismo, em especial, o impresso, que me parece um pouco perdido na era digital. Depois da conclusão do projeto, pretendo implantá-lo e testá-lo em redações brasileiras. A primeira, se a diretoria concordar, é claro, será a do Correio do Povo. Para o futuro, digo apenas que pretendo seguir minha carreira na área da Comunicação, fazer um mestrado talvez, dar aulas mais tarde. Na verdade, eu prefiro viver um dia de cada vez, com planejamentos de curto prazo. Assim, a vida pesa menos e tudo fica mais leve.

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