Para publisher de Coletiva.net, a técnica jornalística independe da plataforma

Márcia Christofoli conduziu o painel 'Os desafios do Jornalismo Digital' no Diálogos ARI

Momento de perguntas no painel sobre jornalismo digital - Divulgação/Coletiva.net

Após certificar que a internet, além de uma ferramenta de entrega de conteúdo, coloca-se como um veiculo de comunicação, a publisher de Coletiva.net, Márcia Christofoli, defendeu que a técnica jornalística é a mesma, independentemente da plataforma na qual será noticiada. "Ainda que o profissional que atue com o digital tenha que ser talvez mais ágil e mais multitarefa, a essência do jornalismo não muda. É a busca pela informação", declarou.

Para ela, aqueles que atuam diretamente com internet, devem ser ágeis e ter um texto mais redondo, "pois temos cada vez menos tempo para correções, em especial no digital". Ela defende, ainda o poder de síntese, pois, mesmo que a internet seja infinita, o comportamento do consumidor mostra que a entrega da notícia deve ser rápida. Paulo Serpa, editor de Internet do Jornal do Comércio, compartilha da mesma ideia, e acrescenta que estes profissionais têm que ter  desenvoltura para usar as redes sociais.

Sobre o uso dessas ferramentas, o gerente-executivo de Produtos Digitais na Gazeta Grupo de Comunicações, Thiago Stürmer, acredita que as empresas de jornalismo não devem ter medo de errar e de experimentar as possibilidades que esse ambiente digital oferece. "Se não funcionou, tudo bem, não faz mais. Hoje, podemos nos levar menos a serio. Então, se não der retorno de público, tentamos, mudamos formato e horário. Se, mesmo assim, não funcionar, OK. Paramos", explicou.

O sócio-diretor da Redioweb, por outro lado, destacou que o esforço da sua companhia está na criação e na distribuição de conteúdo, não nas redes sociais. "Tentamos fazer TV e Twitter, mas não tivemos resposta, então não paramos. Fazemos o que sabemos fazer, que é conteúdo", enfatizou. Serpa disse que entende que, hoje, é permitido experimentar, mas também acredita que estudar os formatos das redes sociais que surgem com rapidez demanda tempo. "Há quem ainda pense que basta replicar o mesmo material em todas as plataformas. Não é assim", pontuou.

Empreendedorismo também entrou na pauta. O assunto foi abordado por Márcia que enfatizou que, por experiência própria, os estudantes não são preparados e estimulados a empreender, "mas é possível, ainda que difícil". Paulo Gilvani declarou que empreender não é fácil e demanda paciência. "A Radioweb foi criada em 2001 e eu fui ver saldo positivo na minha planilha financeira somente em 2006", exemplificou.

Na sequência, a monetização entrou no debate, mais uma vez. Os painelistas foram unânimes ao afirmar que jornalismo é uma atividade cara, especialmente o que preza pela qualidade. Márcia disse que, embora o conteúdo de Coletiva.net seja acessado gratuitamente há 19 anos pelos leitores, "tem um momento que a conta não bate". Stürmer concordou e afirmou que, infelizmente, pagar por matérias ainda não faz parte da cultura dos brasileiros. Sobre o assunto, Serpa aproveitou para rebater a pergunta da plateia: "Quem de vocês está pagando por jornalismo atualmente?".   

Para Gilvani, o grande erro foi que os veículos, desde o início, ofereceram conteúdo gratuito na internet, o que resultou na crise de demissões de jornalistas. Ele mencionou uma pesquisa que diz que o leitor paga por matérias durante um período de dois anos e alguns meses. "É bastante tempo, ajuda muito os veículos. Mas alerto: monetizar uma empresa é complicado", falou, ao encerrar o painel.

A equipe de Coletiva.net segue acompanhando os painéis da tarde deste sábado, 26.   

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