Possível venda de patrimônio do Sindjors não é unanimidade

Congresso extraordinário foi convocado para este sábado, a fim de discutir mudanças no estatuto

A atual gestão do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindjors) defende a possibilidade de venda de bens da entidade, a fim de sanar dívidas acumuladas neste ano, mas o estatuto vigente não permite tal ação. O tema, porém, divide a categoria. O artigo 81 prevê que o documento "só poderá ser reformado por uma Assembleia Geral para esse fim especialmente convocada, por decisão de 2/3 (dois terços) dos associados, ou em Congresso Estadual da categoria". Com a mudança proposta, não seria mais necessária essa quantidade de presentes e as decisões passariam diretamente pela presidência.

Sobre as possíveis vendas, o presidente Milton Simas explica que, no entendimento da atual diretoria, esta seria a única forma de quitar dívidas adquiridas pelo o fim da contribuição sindical e, ainda segundo ele, causadas pela interrupção por parte do Grupo RBS do repasse da contribuição - três dias descontados ao longo de seis parcelas, sempre nos meses pares. "Mesmo com o acordo coletivo em vigor até maio de 2018, a RBS parou de fazer o repasse em abril, baseado em decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Desde então, já são R$ 120 mil que deixaram de ingressar no caixa da entidade", detalhou o dirigente, em entrevista ao Coletiva.net.

A ideia é vender a sede de Pelotas, deixando a de Porto Alegre como possibilidade para dar de garantia em alguma transação financeira. O ex-presidente José Nunes também conversou com a reportagem e se mostrou contrário à possibilidade. "O valor da venda do patrimônio de Pelotas não seria suficiente para resolver os problemas. O sindicato deveria iniciar uma nova campanha com a categoria e mobilizar os jornalistas para encontrar meios próprios", defendeu. Para ele, as conquistas da entidade são de todos os profissionais da área e não apenas dos seus associados, por isso, os esforços em adquirir esses bens não podem ser ignorados.

Para argumentar o plano, Simas explicou que o sindicato tem oito funcionários, sendo sete na Capital e um no Interior, e "não tem como arcar com tais encargos diante da atual receita". Conforme o presidente, outras despesas já foram cortadas, entre elas uma verba de representação a ele, que exerce o comando da gestão - o valor era de um piso da categoria. Também foi suspensa a edição impressa do jornal Versão dos Jornalistas, o aluguel para utilização do auditório da Associação Gaúcha dos Cronistas Esportivas (Aceg), as delegacias de São Leopoldo, Caxias e Passo Fundo foram fechadas e dois funcionários estão cumprindo aviso prévio. 

Para tratar do assunto, os associados foram convocados para um congresso extraordinário, marcado para este sábado, 21, a partir das 9h, no Plenarinho da Assembleia Legislativa (Praça Marechal Deodoro, 101 - Centro Histórico), em Porto Alegre. Na pauta do dia, também serão apresentadas questões como eleição eletrônica para as próximas gestões e a reforma trabalhista, com a presença do assessor jurídico do Sindjors, Antonio Carlos Porto Jr.

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