ARP ouviu associados e agora decidirá o que fazer com o Criarp

Em encontro que durou três horas, várias ideias e sugestões foram deixadas para avaliação da diretoria

Cerca de 40 pessoas participaram da reunião
Qual deveria ser o melhor modelo de premiação para a publicidade regional, já que a Associação Riograndense de Propaganda se viu obrigada a cancelar o Criarp 2015 (Prêmio Criatividade ARP) por falta de interessados? Na noite desta quinta-feira, 21, 42 pessoas atenderam ao convite da ARP e foram até sua sede para refletir sobre o assunto. Acabaram sendo protagonistas de uma rica discussão, coordenada pelo presidente Fábio Bernardi, sobre criação, premiações, formato, crise do negócio, participação. Segundo Fábio, a mensagem deixada pelo baixo interesse é que a maioria abandonou o Criarp. "Desistimos porque não conseguiríamos oferecer aquilo que vendemos a quem se inscreveu", disse, na abertura dos debates.
Não houve conclusão, mas indicativos para a direção da ARP, que na semana que vem deverá bater o martelo. A recomendação final do grupo que participou do encontro foi no sentido de que a entidade realize o Criarp este ano, do tamanho que ele pode ter - isto é, sem deixar nenhum prejuízo para a entidade. Outro indicativo é no sentido de reavaliar a época de realização: talvez volte a ser realizado no final do ano, com a premiação sendo realizada em solenidade fora do Jantar da Propaganda.
A entidade foi muito questionada por suspender o Criarp, mas apresentou como fatos irrefutáveis o baixo interesse demonstrado pelo evento que fora criado em substituição ao Salão da Propaganda: se em sua primeira edição, em 2013, recebera mais de 1,2 mil trabalhos, batendo recorde de inscrições, e teve até transmissão ao vivo pela Tvcom, este ano pouco mais de 300 peças foram inscritas, atraindo apenas 28 empresas, a metade delas agências.
Grandes, como Competence e Escala, nada inscreveram. Esta última estava representada no debate pelo diretor Régis Montagna que, em breve participação, declarou que a não participação não se dera por uma questão econômica, e sim "por uma questão de valor moral". A agência, que recém havia desligado 12 profissionais e deixado de contratar dois estagiários considerados necessários, não teria se sentido em condições de, nestas circunstâncias, inscrever trabalhos. "Foi uma questão de coerência", disse.
Daniel Skowronsky, diretor da Global e ex-presidente da ARP, sugeriu uma releitura da premiação, que deveria deixar de contemplar apenas a criação para envolver outros setores, "pois toda a equipe da agência participa do trabalho que ao final pode sair vencedor". Questionou o formato, por não vincular a premiação aos profissionais, e afirmou que "o ideal seria resgatar um pouco o formato anterior, abrir a discussão do modelo, pois precisa ter receita. Sem receita não tem evento".
Dezenas de ideias, sugestões e opiniões foram apresentadas durante quase três horas de discussão. Veja a seguir algumas delas:
- Não tinha que cancelar o Criarp e devolver o dinheiro. O Criarp deveria ter o tamanho que ele tem. Talvez ocorrer nesta sala.
- Avaliar as poucas peças apresentadas já nos daria uma ideia do estágio da propaganda. E quem se Inscreveu certamente considerou importante mostrar seus trabalhos. Antes de cancelar o Criarp, estas pessoas é que deveriam ser chamadas para ajudar a avaliar o que se poderia fazer.
- O Criarp poderia ser jogado para uma data mais próxima da Semana da Propaganda, no final do ano.
- É ruim para o mercado não ter a exposição que um evento como este proporciona. O Criarp tem valor para os produtores porque é uma ótima oportunidade para mostrar seus trabalhos e capacidade. Mas o problema é que se tornou um evento que só valoriza a criação.
- Sair de mil inscrições para 300 significaria que não estamos fazendo quase nada bom na propaganda gaúcha?
- Este baixo interesse pela promoção é reflexo de um organismo que é o mercado: se este está frágil, nosso resultado será igual
- Falta discussão sobre o mercado e, ao contrário, há uma dispersão de atenção e um esvaziamento do debate e das próprias promoções. Há uma crise de identidade devido ao grande número de promoções na área, muitas delas gratuitas. Por isso, um evento de premiação convencional está fadado ao desprestigio.
- Vemos aqui muito pouca gente nova. As pessoas que estão aqui não são a realidade do mercado hoje, quase todo ele formado por gente jovem, muito jovem.
- O Criarp é visibilidade criativa para quem? Estaria faltando interesse dos próprios criativos ou dos donos de agência?
- O próprio Anuário da Criação não tem o fascínio de antes. Não se folheia mais o anuário. Hoje serve de suporte para monitor.
- Esquece criação e coloca ideia no lugar. Sem valorizá-la não resistiremos três meses.
- A verdade é que as agências estão num ano muito difícil. Está cada vez mais difícil tocar o negócio. É uma situação que esmaga as boas ideias.

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