Cinco perguntas para Douglas Cauduro

Jornalista criou campanha de financiamento coletivo para publicar livro "Ditadura Militar: a cobertura de cinco jornais de Porto Alegre em 1964"

1. Quem é você, de onde vem e o que faz?
Sou Douglas Hinterholz Cauduro, nascido em Porto Alegre, formado em Jornalismo pela PUC. Hoje em dia, sou freelancer da Revista Estilo Zona Sul. Já trabalhei na Fundação ZooBotânica, Rádio Grenal, Metroplan e Conselho Regional de Odontologia do Rio Grande do Sul.

Douglas Cauduro | Crédito: Arquivo pessoal

Douglas Cauduro | Crédito: Arquivo pessoal


2. Como foi a escolha por recontar a história do golpe militar pelas páginas de jornais?
Bom, em março de 2014 eu fui falar com o professor Juremir Machado da Silva para ter uma oportunidade como aluno de Iniciação Científica na PUCRS. Ele me acolheu de cara, e me apresentou o projeto de investigar os impressos gaúchos no ano de 1964. Aceitei na hora. Fiquei muito empolgado com a pesquisa. Me dediquei intensamente em leituras sobre o tema e na descoberta dos jornais. Toda experiência me trouxe muita novidade e riqueza de conteúdo histórico.
3. Algum registro ou publicação específica te surpreendeu ao longo deste estudo?
Sim. Várias publicações me impressionaram. Quando abria aquelas páginas amarelas e empoeiradas, vendo que tais conteúdos foram escritos e publicados, eu ficava sem reação no começo. Me chocava no primeiro contato. Digo que cada jornal que está no livro tem uma surpresa, infelizmente a maioria negativa. Mas quero deixar o leitor na expectativa pelos relatos do livro, e também espero que ele faça sua escolha do item polêmico, assim que acabar de ler o meu livro.
4. Quais foram suas principais constatações?
A maneira como a mídia cobriu os acontecimentos. Como ela teve o poder de ir construindo o caminho para a derrubada de Jango. Sem dúvida nenhuma a mídia foi uma das fundadoras do alicerce que permitiram os militares se estabelecerem no poder em 1964, e ficando lá por mais de duas décadas. A mídia assentou o terreno para as Forças Armadas passarem.
5. Como surgiu a ideia de transformar o estudo em livro?
Como passei muito tempo envolvido nesse projeto, que começou na Iniciação Científica, passou para um artigo apresentado na Alcar 2015 [Encontro Nacional de História da Mídia] e depois construí minha monografia também sobre o tema, pois tenho muito material sobre o assunto, decidi tirar esses escritos da área acadêmica e levá-lo ao grande público. Quero dar um fechamento digno à pesquisa. Pensei: "De que adianta desvendar várias coisas, descobrir verdades camufladas, se não posso revelá-las ao maior número de pessoas?". Então, decidi criar o livro.

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