Glauco Fonseca: Em reforma permanente

Apaixonado pelos filhos e pela esposa, o consultor em Marketing confidencia que adora consertar objetos

Conhecido por seus comentários sobre política, marketing e tecnologia, o consultor em marketing Glauco Fonseca explica que seus textos sempre têm uma linha de fazer as pessoas pensarem. A ideia dele não é escrever nada pronto, mas, sim, escrever questionando. A técnica, conforme ele, tem dado certo, já que sempre tem gente complementando as escritas nos comentários das suas redes sociais.

Com diferença de um ano do irmão mais novo, Geraldo Fonseca, o porto-alegrense se lembra da segurança e liberdade que sentia na infância, quando pegava sua bicicleta, junto com uma turma grande de amigos, e pedalava até o bairro Ipanema. Naquela época, não tinha perigo e ele e os amigos subiam e desciam a Avenida Otto Niemeyer, paravam na pracinha da Tristeza e seguiam pela Avenida Wenceslau Escobar tranquilamente. "Viver era uma Disneylândia, pois tínhamos segurança, liberdade e uma comunicação afetiva de causar inveja nos dias de hoje."

Casado com a publicitária e psicanalista Sílvia Coimbra desde 2001, tem na esposa sua grande companheira de vida. Os dois se conheceram na RBS, antes dos anos 90, como colegas de trabalho, mas foi só em 1991, quando Glauco já estava separado de seu primeiro casamento, que veio a oportunidade de os dois se aproximarem, aí, segundo ele, foi uma paixão arrebatadora que dura até hoje, 27 anos depois. "Pelo menos da minha parte", garante.

Pai de dois filhos homens, o médico anestesista Vicente, 31 anos, e o estudante Cícero, de 17 anos, filho da relação com Sílvia, a família se completa com o casal de gatos, Michalski e Kita. Para ele, os filhos são suas melhores criações e fala com orgulho e brilho nos olhos que já pode ir para o céu, pois já deixou duas coisas muito boas na Terra.

Escrever está no ler

Nos dias de folga, Glauco gosta mesmo é de escrever. E lembra que aprendeu com o amigo falecido Adão Oliveira que "escrever está no ler". Então, adotou este gosto, assinou diversas crônicas, um pequeno ensaio no livro 'Todos Por Um', do jornalista José Luiz Prévidi, e neste momento está escrevendo um livro de ficção científica, uma história interplanetária, com personagens locais, ainda sem título. Além disso, seus mais diversos textos publicados em sua página no Facebook são compartilhados em sites de amigos jornalistas como Felipe Vieira, Diego Casagrande, Políbio Braga e Prévidi, o que lhe alegra muito.

Hoje, suas produções estão muito carregadas de política, pois, segundo ele, este é o temário. "Temos que falar e discutir sobre isso, pois não se trata mais só de agremiações partidárias, estamos falando de sobrevivência. Cada um defende seus ideais e valores. Os meus são republicanos, com viés de direita, pois não é pensamento meramente ideológico, mas que se contrapõem ao do meu adversário político, aquele que pensa diferente de mim, mas que não é meu inimigo", explica.

Como não poderia ser diferente, entre as leituras preferidas estão livros e textos sobre este tema, e os títulos vão desde escolas de pensamento liberal econômico a ciências sociais. O hábito, aliás, está sendo repassado de geração para geração, já que o filho mais novo é descrito como um leitor contumaz, uma vez que o rapaz já leu, só este ano, 37 livros. "Ele é um craque das ciências sociais, praticamente um cientista político aos 17 anos e estou lendo estes livros dele", contam com orgulho.

Eclético para músicas, gosta de todo tipo. Vai de Mozart até Sampa Crew, desde que sejam músicas bem feitas. Jazz instrumental contemporâneo e Rock estão entre suas preferências. Cinéfilo, Glauco esclarece que herdou do pai, o médico Paolo Fonseca, o gosto pelo cinema. Entre suas preferências nessa área estão os filmes de ação e mistério. 

Consultoria

Dizendo-se apaixonado pelo Direito, estabeleceu como meta para 2020 retomar esta faculdade, a qual cursou por dois anos, mas não terminou. "Esta graduação, para mim, é uma métrica de vida e de comportamento da sociedade, sem o qual não é possível", revela. Começou a carreira aos 19 anos ao passar em um concurso na Ufrgs, como agente administrativo, trabalhando no setor de importação da universidade. Até que viu um anúncio de jornal para trabalhar como importador na empresa Springer Carrier, foi aprovado e, como não se via no serviço público, decidiu sair.

Em 1984, surgiu a oportunidade de ser assistente de trainee do jornalista Pedro Sirotsky nas rádios da RBS, empresa com a qual tem uma relação amorosa e considera a melhor que já trabalhou na vida. Foram 10 anos na organização midiática e lá foi gerente de planejamento, auxiliar administrativo-financeiro, planejamento comercial, gerente-executivo de Marketing e operacional de todas rádios, exceto a Gaúcha. Em 1994, foi convidado para trabalhar no grupo Eldorado de Santa Catarina, e "cometeu o erro de ir", mas foi um período de grande aprendizado.

De volta à capital gaúcha, foi recomendado pelo jornalista Flávio Dutra para diretoria de Marketing da TVE do Governo Antonio Britto. "O Vieirinha (José Antonio Vieira da Cunha), que foi um dos presidentes da TVE, recebeu meu currículo e o Britto pediu mais referências sobre a minha pessoa, e fui contratado. Em momento algum me perguntaram qual era o meu partido. Isto é ouro. Eles se preocuparam exclusivamente com a minha carga técnica e foi muito gratificante", ilustra.

Teve passagem ainda pela extinta Agência Upper, até ser convidado a ir para a Telemar, em Pernambuco, como diretor de Marketing da empresa, que acabava de ser privatizada. E é com orgulho que lembra que deveria demitir muitos funcionários, mas conseguiu alocar dentro da própria empresa e em outras terceirizadas toda equipe, sem demitir ninguém.

Voltou para Porto Alegre em 2001 trabalhando com consultoria para empresas. Além disso, trabalhou no Programa Gaúcho de Qualidade e Produtividade (PGQP) e na ONG Parceiros Voluntários. Desde então, atua como consultor na área de planejamento estratégico; trabalha com gestão de projetos, com parceiros como Hunting - Seleção de Executivos, empresa própria, chamada por ele de boutique de talentos estratégicos.

Entre as referências profissionais destaca o jornalista Políbio Braga, a quem elogia dizendo que, se pudesse escolher, gostaria de o ter como pai. Além deles, o Ministro da Justiça, Sérgio Moro, que, conforme ele, é uma referência completa, o salvador do País. A esposa Sílvia, que é homogênea e harmônica, sempre a mesma desde o dia em que a conheceu até hoje, e os dois filhos, que contrariou as leis da matemática, multiplicando o amor que tem igual pelos dois. "O amor que nós temos se multiplica, ele não cessa, ele cresce e se transforma". 

Cristão

Ir à missa todos os domingos, tomar chimarrão e praticar algum esporte são coisas que o filho da professora Dulce Maria Fonseca gostaria de fazer, mas não faz. Intitulando-se cristão, confidencia que reza todos os dias e crê muito em Deus, mas que quase não vai à missa. Torcedor do Internacional, largou as peladas de fim de semana quando um amigo de 49 anos morreu, ao lado dele, durante um jogo - neste dia, viu que futebol não era mais para ele.

Hoje, não pratica mais esportes, mas uma paixão que está retomando da adolescência é o motociclismo, tanto é que estava indo buscar uma motocicleta que acabara de comprar. Lembra que, para o desgosto da família, comprou com seu dinheiro uma mobilete, em 1976. Quando seu avô o viu com o veículo, ficou tão assustado que engoliu um cigarro. "Agora, com 57 anos, estou realizando um capricho meu e vou voltar a andar por aí de moto", revela.

Carnívoro convicto, Glauco adora sopas, uma barriga de porco assada na brasa e um churrasco de costela, mas a comida preferida deste "cozinheiro" é a feijoada e, diz, que prepara uma das melhores. 

Mania de consertar

Destaca como qualidade o fato de ser muito grato, diz que não esquece e jamais abandona quem o ajudou e quem o faz bem, e que sabe ser recíproco e afetuoso. Já entre os defeitos, destaca que têm muitos, mas o que mais reputa é o fato de ser perfeccionista. Precisa sempre estar com seu entorno organizado, bem como sua vida e seu espaço de trabalho.

Entre as manias, está desmontar e arrumar qualquer aparelho eletrônico, tanto é que seus amigos, quando quebram o vidro do celular, já levam direto para ele trocar. É no laboratório que tem em casa que Glauco gosta de passar horas tentando consertar tudo o que estiver estragado.Considerando-se muito agitado e superativo, diz que está sempre em função de algum conserto. Tanto é que, agora, está reformando a casa da praia e na próxima semana estará lá em Xangrilá para ele mesmo ir fazendo o que conseguir.

Definindo-se como alguém que está em reforma permanente, afirma que está sempre buscando informação e que optou por depender delas. Por isso, sua cabeça está sempre funcionando e ele está sempre em reforma, pois é esta reforma que o faz ficar vivo.

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