Mariana Bertolucci: Espontaneidade que marca

Descontração e alegria fazem parte da essência da jornalista sempre bem informada sobre o cenário noturno

Mariana Bertolucci - Reprodução

Curiosa, muito falante e espontânea. Simples assim é a jornalista Mariana Bertolucci, que assina a coluna diária RS Vip, uma das mais lidas do jornal Zero Hora. Graças a uma rotina de trabalho que inclui comparecer a muitos eventos no mesmo dia, a colunista se mantém atualizada sobre a agenda noturna de Porto Alegre. Uma rotina prazerosa, diga-se, já que o gosto por conviver com pessoas é o que, diariamente, a motiva a estar sempre de bem com a vida, de tal forma que descontração, alegria e naturalidade fazem parte da sua essência.

Para Mariana, é fácil acreditar que a essência do alto astral é ter amor pelo que se faz e pelas pessoas que a cercam. "Sorrir não custa nada, é tão barato. Tem tanta coisa mais difícil. Acho que ficar feliz e passar isso pras pessoas? daqui a pouco dá uma enrolada se não estiver tudo bem, quando tu vê acredita e já fica feliz de novo!", ensina. Seu estilo segue a mesma linha: "Eu tenho muita fé, acredito, faço pensamento positivo para espantar as coisas ruins. E eu tento dar o melhor de mim, o que nem sempre consigo, e dar atenção pras pessoas que eu gosto. Eu procuro ver o melhor delas", exalta a porto-alegrense Mariana Alvares Bertolucci, nascida em 7 de julho de 1973.

O gosto por pessoas e realização

Espevitada, teve uma infância "muito moleca", uma bagunceira que adorava subir em árvores. Ainda era uma criança quando resolveu que alfabetizaria um casal de irmãos meninos de rua. Mariana se dedicava a dar aulas na garagem de casa, mas a determinação de recuperar as crianças não se cumpriu, já que os alunos a decepcionaram, roubando todas as roupas do varal. Mesmo assim, o gosto por gente, por relacionar-se com muitas pessoas, continuou fazendo parte de seu âmago. Daí a escolha pelo jornalismo. "Foi amor à primeira vista. Eu adoro a minha profissão, fui pega de jeito".

Mariana é categórica ao dizer que se sente uma pessoa realizada. "Eu faço o que eu gosto; e já sou mãe, que é uma coisa que eu queria muito. Depois disso, eu me senti tão poderosa, que vi que realmente faço o que eu quero", brinca. Considera que a única coisa que ainda falta em sua vida é um pouco de disciplina, mas entende que para isto bastaria centrar a cabeça e executar seus desejos. Um deles é conseguir parar de fumar. Outro, ter mais tempo para dedicar à sua filha, Antônia,d e dois anos e meio.

"Na verdade, eu me dôo muito pras pessoas. E uma coisa que eu não consigo, mas eu tento, é: "ah, eu não quero ter mais amigos". Porque é tão difícil? tem filhos de amigas, de coração, que eu não conheço; daqui a pouco tem um chá de fralda e eu não consigo ir; ou comprar um presentinho com calma? Mas acho irresistível, porque eu conheço as pessoas e já gosto. Então, eu busco disciplina, um pouco de ordem na minha vida", destaca. Ou seja, como colunista, seu círculo de amizades, ao contrário de sua teoria, acaba se expandindo a cada dia. Ao mesmo tempo, é esta motivação que acompanha a profissional todos os dias.

Rotina: pessoas

A rotina de Mariana divide-se entre trabalho, lazer, amigos e a filha. Além de ir diariamente à redação de Zero Hora, cumpre agenda pelo menos três vezes por semana nos principais eventos noturnos da Capital. Claro que, para comparecer em tantas festas, coquetéis, bailes de debutantes, casamentos e quetais, ela, como colunista social, precisa estar sempre muito elegante. "Nem sempre acho que estou bem, mas tem que estar, não é?! Não posso chegar de baixo-astral nos lugares", reconhece a profissional, que mesmo nos dias em que acontece algo que a desanima, não se deixa abalar. "Eu gosto muito de gente, de estar em contato com as pessoas, e isso é muito importante no meu trabalho. Depois, a maneira de contar cada história é que vai fazer a diferença".

Para amenizar o corre-corre, vai à academia e pratica Yoga. No momento, as prioridades em sua vida são duas, muito pessoais, registre-se: cuidar de si e mais ainda da filhota. "Sinto falta de pegar ela mais vezes na escola, mas nem sempre dá?", lamenta. O pai e as avós de Antônia estão sempre dando apoio quando Mariana vai trabalhar à noite. Mesmo assim, quando precisa passar em casa antes do evento e encontra Antônia, a pequena faz jeitinho e corta o coração da mãe, que faz um carinho, respira fundo e tenta sair despercebida.

A jornalista preza ficar de bobeira com as amigas, mas também gosta de ir a shows e sair à noite, extra-trabalho, para se divertir. Aprecia música brasileira, como Chico Buarque e Caetano Veloso, além de samba "e alguma coisa de música brega", seja lá o que isto for. Em literatura, cita nomes como Erico Verissimo, Lya Luft, Fernando Pessoa, Mario Quintana e Luis Fernando Verissimo.

Delineando a trajetória

Mariana formou-se em Jornalismo em 1995, pela Faculdade de Comunicação Social (Famecos) da PUC. Ela, que sempre fez estágio, admite que na época de estudante gostava de "bancar a espertinha". "Chegava novembro, eu dizia: ah, acho que já aprendi tudo neste estágio, e só arrumava outro em março, o que não me arrependo, porque depois que eu comecei a trabalhar mesmo, depois de formada, eu não parei mais." Nesta época passou pela TVE, como repórter de esporte, pela Rádio Gaúcha, onde trabalhou com Lasier Martins, e pela assessoria de imprensa da Procuradoria Geral do Estado. Em 1996, depois de formada, retornou por um tempo à Gaúcha, fazendo boletins e chamadas.

Sua primeira experiência como profissional foi na produção do "Cultura Teen", programa de rádio da FM Cultura destinado ao público jovem, a convite da jornalista Cristiane Ostermann, hoje sua amiga. "Acho que aí eu já começava a delinear o início da minha carreira", avalia Mariana. No ano seguinte, surgiu uma oportunidade em Zero Hora, onde começou na área de divulgação, fazendo, entre outras coisas, as chamadas de capa. "Foi uma experiência superbacana, pois participava das reuniões de editores, que eram uma verdadeira aula. Eu era bem "pirralha", recém-formada, então aproveitava para "sugar" tudo, super-sedenta de informações", lembra.

Ao mesmo tempo em que se colocava sempre à disposição para cobrir eventos como eleições, Expointer e Planeta Atlântida, também tinha a coluna "Esportinho", que era publicada todo sábado na página de David Coimbra. Quando surgiu o Zerou, primeiro caderno destinado aos jovens em ZH, Mariana foi para a redação. "E isso é o legal da RBS, pois eles abrem muito pra quem já está lá dentro. Então, quanto mais "metida" tu é, melhor, porque daí tu mostra que tá a fim" considera.

Viciada em redação

A garota, que na época de faculdade queria ser repórter de TV, começou a perceber que gostava mesmo era de texto. "Quando comecei a escrever e saiu a minha primeira matéria, eu fiquei com dor de barriga de ansiosa? Então eu me dei conta que "a cachaça" é aqui mesmo", conta Mariana, que ficou arrasada quando o Zerou saiu de circulação. Mesmo assim, pôde continuar em contato com seu público preferido: a "gurizada", passando a atuar no caderno ZH Escola. Um tempo depois, o suplemento teria o mesmo destino de Zerou. "Fiquei traumatizada, porque comecei a imaginar que todo caderno que eu entrava ia acabar", diverte-se a jornalista, que passou a integrar a equipe do caderno Patrola, que também teve curto tempo de vida? "Enterrei o Patrola também", brinca Mariana, que acaba se apegando emocionalmente aos projetos.

Depois disso, ficou no Segundo Caderno de Zero Hora, além de sempre cobrir as férias da colunista Fernanda Zaffari. Durante a licença de Fernanda, a jornalista Paola Deodoro assumiu a página pelo período de nove meses. Após cobrir as férias da colega e amiga Paola, Mariana passou assinar a coluna RS Vip. "É muito legal a liberdade que eu tenho na coluna, mas às vezes o espaço se torna limitado em função do tamanho da página", explica ela, que também mantém blog em zerohora.com, onde pode escrever sobre assuntos mais diversificados e sem limites de caracteres. Embora não consiga dedicar o tempo que gostaria à ferramenta, Mariana pretende se organizar para melhorar a coluna e abraçar o blog com mais agilidade. "A corrida do dia-a-dia não te deixa com muito tempo de pensar nisso, mas eu tenho vontade de fazer umas sacadinhas diferentes, que com o tempo vão surgindo."

A jornalista garante que não vê problema algum em não ter finais de semana e feriados. "Eu gosto muito do que eu faço e me considero uma sortuda, pois sempre cruzei com pessoas maravilhosas. A coluna é minha superpaixão, e é muito legal sentir que, de uma maneira ou outra, tu interfere de forma positiva na vida das pessoas. Entrar todos os dias na vida de um monte de gente é o que sempre me encantou no jornalismo", acredita Mariana, fazendo questão de registrar que o retorno das pessoas é o mais marcante na profissão.

Eclética, já atuou até como "paparazzo" em coberturas no litoral, tendo participado de uma "perseguição" ao carro de Shirley Mallmann. Como colunista, teve a oportunidade de conhecer "um monte de gente legal e interessante", mas não esconde o lado fã. Quando encontra algum famoso, não abre mão de registrar o momento e, por conta disto, tem fotos com Roberto Carlos, Didi e Malu Mader. Diverte-se mostrando os registros, onde aparece sempre sorridente - como é na vida real. "Eu realmente sou muito feliz. Eu sou uma pessoa que saio de férias e fico louca de saudade da minha mesa, do meu computador, da função do baixamento, dos meus colegas. Então, isso facilita muito? não tem sofrimento algum no que eu faço", declara a apaixonada por jornalismo.

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