Paulo Sérgio Pinto: O trabalho como religião

Ele é formado em enegenharia eletrônica, mas encontrou no marketing e na comunicação um porto seguro para trabalhar.

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Por 10 anos ele esteve pelos gramados. Apito na mão, contribuiu para disciplinar como árbitro esportivo as sempre quentes contendas futebolísticas do Rio Grande do Sul, e algumas no país afora. Esse contato direto com o esporte acabou por levá-lo para a Rádio Guaíba, em 1985, onde iniciou sua trajetória no mundo da comunicação aceitando convite de Edegar Schmidt e Lasier Martins. Hoje, 16 anos depois, Paulo Sérgio Pinto já asfaltou um percurso nessa área que o levou ao cargo de vice-presidente da Rede Pampa de Comunicação, segundo maior grupo gaúcho na área de mídia. Entre os muitos desafios que cercam o executivo, um deles está recém começando, e colabora para deixá-lo ainda mais ativo. "Consolidar a iniciativa de O Sul tem me mostrado o quanto é importante a formação e o trabalho em equipe", ressaltou.       

Aos 51 anos, Paulo Sérgio analisa seu trabalho como o de um diretor de empresas. "Sou engenheiro eletrônico e de segurança de trabalho por formação, mas busquei na especialização em Marketing, na ESPM, uma nova direção para o meu trabalho, que desembarcou no porto da comunicação", lembra. De comentarista esportivo, em 85, para diretor comercial do Correio do Povo, já em 87, foi um movimento rápido e contínuo de crescimento dentro da Empresa Jornalística Caldas Júnior. "Quando ainda apitava, seguidamente era convidado a participar de debates na área de esportes, o que me deu uma base, que começou com mais força na Copa do México, em 86".      

Casado e pai de uma filha, Anna Paula Martins Pinto, o dublê de executivo, comentarista de rádio e apresentador de TV se esforça para manter um espaço para a família no final de semana. "Para mim, esse período é usado para poder colocar em dia algumas coisas, organizar os meus arquivos pessoais e, até mesmo, poder engraxar meus sapatos", diz.

FUTEBOL E CULINÁRIA

O aspecto de organização marca as atividades do executivo e do pai Paulo Sérgio Pinto. Adepto do futebol em toda a sua extensão, ele tem seu espaço reservado no grupo de pais do Colégio Farroupilha, que joga junto há 19 anos. "É tudo muito bem organizado, até mesmo com um código de disciplina e presença. Pena que não tenho mais conseguido participar dos jantares que o grupo faz, mas pretendo sempre prestigiar as comemorações que realizamos em datas festivas", lamenta. Embora não se considere um workhaolic, o apresentador diz não saber ficar parado. Gosta de acordar cedo, mesmo dormindo tarde devido aos compromissos dos quais participa representando a Rede Pampa ou como presidente da Associação Gaúcha das Empresas de Rádio e Televisão do RS (Agert).

O tempo que dispõe para os amigos parece ser sempre o maior possível. Prova é o fato de pertencer a, pelo menos, três confrarias: da Antarctica, do Cordeiro (Farsul) e da Savarauto. Nessa hora, não deixa por menos e faz apologia da sua virtude culinária. "Como muitos dos meus amigos sabem e podem comprovar, meu churrasco é imperdível e inigualável", arrisca. Os mais chegados também sabem que Paulo Sérgio é um homem de espírito aberto. "Minha casa é no estilo portas abertas, clean, sem luxo, sempre pronta para receber os amigos", enfatiza. Assim, também, é a casa no Litoral. "Adoro minha praia, Atântida, onde tento passar meus finais de semana no verão". Em ambos os locais, Paulo Sérgio diz ter uma predileção quanto ao aspecto decorativo.

Nas paredes de casa, ele faz questão de manter lembranças de suas viagens. São cartões postais, quadros e outros souvenirs, muitos deles da Coca-Cola, de quem é fã incondicional. "Os dois bares que tenho em casa também são uma boa diversão. No de bebidas pesadas, guardo minha coleção de whisky, com cerca de 300 garrafas, mantidas fechadas uma vez que sou um velho cervejeiro e um novo apreciador de bons vinhos", argumenta.       

Como um homem de rádio, a música tem espaço reservado no seu dia-a-dia. No gabinete da vice-presidência da Pampa, figuram fotos de Beatles e do rei Elvis Presley, ídolos que permanecem. "Tenho uma coleção de mais de mil CDs, muitos deles de música missioneira, veia artística que empolga até mesmo a ser um declamador de poesias como as de Noel Guarani, do argentino Jorge Cafrune e da chilena Violeta Parra, e de música francesa, minha segunda opção musical", sustenta.

CONVICÇÃO E TRABALHO       

O vice-presidente da Pampa não titubeia ao falar de política e economia. "Vejo tristemente o cenário político atual, já que perdemos muito das convicções ideológicas, suplantadas por partidos que hoje são verdadeiras colchas de retalhos unidas pelos interesses de ocupar espaços", acrescentando que não vota em partidos, "mas em homens públicos". Para Paulo Sérgio Pinto, o momento é propício para iniciar, imediatamente, um processo de depuração política. Na área econômica, ele defende uma ação mais forte do governo e Congresso a fim de garantir, principalmente, a realização de uma ampla reforma tributária. "Precisamos criar o Imposto sobre Valor Agregado, acabando com uma série de outros impostos". Da mesma forma, defende mudanças na área trabalhista, "fascista e desempregadora". Segundo ele, é preciso uma legislação que simplifique a relação entre capital e trabalho, como nos Estados Unidos.

É na área de trabalho que Paulo Sérgio faz questão de citar alguns nomes considerados exponenciais na área de comunicação. "Os irmãos Renato e Carlos Ribeiro são exemplos do valor do empreendedorismo, pois apesar do ceticismo de setor, apostaram e fizeram ressurgir o Correio do Povo e a Guaíba", lembrou. Para Jayme Sirotsky, ele reservou espaço pela notoriedade internacional que conseguiu pela dedicação aos aspectos ligados aos empresários de comunicação, enquanto Nelson Sirotsky é lembrado pela juventude e modernidade que imprimiu aos veículos do grupo RBS. O comunicador não esquece, claro, o presidente da Rede Pampa, Otávio Gadret, a quem dedica especial afeto pelo trabalho desenvolvido de forma familiar com toda a equipe que trabalha ali. "Para ele, a empresa é como uma religião, que faz com que todos sejam tratados com o mesmo espírito. Um homem que é reconhecido pelo seu presente, mas que o futuro vai eternizar pela sua capacidade empreendedora", afirmou.

Paulo Sérgio Pinto fala tudo isso com a tranqüilidade de uma pessoa com trânsito livre em todos os veículos de comunicação. Por isso mesmo, considera O Sul, que chega ao seu segundo mês de vida, uma experiência nobre e que faz com que se dedique totalmente. A sua filosofia de vida é baseada na compreensão de que não existe sucesso sem trabalho. Depois, é preciso saber que a equipe é fundamental. "Não podemos trabalhar por trabalhar, mas sim para vencer. Como diz Elbert Hubbard, a civilização busca, ansiosamente, um homem capaz de levar uma mensagem à Garcia. Alguém imbuído de vontade de dedicar sua capacidade para alcançar os objetivos comuns da civilização."

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