Robson Albuquerque: Um cara equilibrado

Produtor gráfico há mais de 30 anos, Robson Albuquerque ainda tem o mesmo brilho nos olhos de quando começou na profissão

Robson Albuquerque | Divulgação
Por Márcia Christofoli
Ele até não gosta muito de falar em números, especialmente no que se refere a datas, mas não há como não salientar que lá se vão mais 30 anos de atuação no mercado da Propaganda. Robson Aurélio Albuquerque é o legítimo apaixonado pela profissão que escolheu, mesmo que o começo nela tenha sido por acaso. Convidado por um amigo, quando tinha apenas 15 anos, para trabalhar em uma agência, a P.A.Z., se apaixonou rapidamente pela produção gráfica. "Tive a graça de trabalhar com uma pessoa que entendia muito dessa área, entendia de cores, do espectro delas, do que elas reproduziam. Aprendi muito com Paulo Roberto Pingret", recorda, salientando que acha a profissão fantástica, que o faz ter brilho nos olhos até hoje. E completa: "Adoro o que faço. É instigante e motivador materializar ideias", exalta.
Desde então, foram diversos cursos sobre o tema, mas nenhum foi suficiente para acomodar Robson, que até 2006 tinha a experiência como formação. Houve um momento em que percebeu que precisava "dar uma encorpada no currículo", pois não se satisfazia em ser autodidata. Não queria cursar Publicidade, pois já vivia aquilo há bastante tempo, então, optou por Gestão em Marketing, na Ulbra. Segundo ele, foi interessante entender um pouco mais do cliente e suas necessidades, de como se movimenta o mercado.
Nessas mais de três décadas, teve passagens importantes por agências como as extintas Módulo e J. Otto, e Exitus (hoje, Matriz), além de uma rápida experiência que poucos sabem: Robson já foi empresário. Com pouco mais de 20 anos, juntou-se a uma amiga para fundar a agência Mercadológico. A sociedade, porém, não completou um ano, por desencontros de opiniões, o que fez o profissional vender sua parte. "O resultado pode não ter sido bom, mas como aprendizado de vida foi ótimo, foi enriquecedor", resume. Toda essa trajetória permitiu que acumulasse na bagagem clientes como Vulcabrás/Azaleia, Claro, Olympikus, Tramontina, Banrisul, Iguatemi, Colombo, Pompeia, Governo do Estado, Philips, Nestlé, Brastemp, Manlec, Zaffari, Caixa Econômica Estadual, entre tantos outros.
Tempo de aprendizagem
Das andanças, não há como negar que a mais marcante até o momento foi sua passagem pela DCS. Quando a oportunidade surgiu, Robson confessa que não tinha ideia do tamanho dela e muito menos do que ela poderia se tornar. Aceitou o desafio e permaneceu nela por 21 anos, até a agência ser fechada, em 2013. "Tenho orgulho de dizer que trabalhei lá com grandes profissionais, que me proporcionaram infinitos aprendizados. Foi um tempo de muito, muito trabalho intenso", enaltece.
É desse tempo que Robson guarda diversas recordações. Entre elas um desafio internacional: produzir um catálogo para Azaleia no Chile. Como o material precisava estar pronto para uma feira que se iniciava na primeira semana de janeiro, em São Paulo, lá se foi o produtor gráfico no dia 25 de dezembro, em pleno Natal, sozinho, com uma caixa cheia de pedaços de calçados e tecidos para acertar as cores na impressão. Era a primeira vez que deveria aprovar um trabalho tão importante com tanta autonomia - só voltou a Porto Alegre para passar o Ano Novo em família, para logo regressar em 2 de janeiro.
Na semana decisiva, recebeu a notícia de que o material atrasaria, mas como explicar isso aos seus chefes? Tentou, mas a resposta foi o número do telefone do cliente para que resolvesse de forma direta. Muitas conversas aconteceram, alternativas foram esgotadas, até o problema chegar ao presidente da empresa, que resolveu tudo em cinco minutos, ao disponibilizar um avião que estava no Uruguai para agilizar a entrega. "Nessas horas, percebemos que mesmo a maior experiência é pouca para novos desafios", reflete.
Novos rumos
Quando do fechamento da DCS, Robson conheceu uma situação que não esperava, a de "voltar à prateleira", como ele define o fato de estar disponível no mercado. O problema, na verdade, era que as agências o identificavam como um profissional muito caro e foi difícil absorvê-lo. Por algum tempo, atuou na ML Produções, dando assessoria na área de produção gráfica e eletrônica para clientes diretos. Há cerca de dois anos, foi chamado pela agência Moove, para cobrir as férias de uma colaboradora. Mais alguns trabalhos esporádicos e pronto: quando percebeu, estava contratado. "Queria voltar para agência, pois gosto da rotina, dos desafios, por mais loucos que alguns deles sejam", afirma.
A trajetória o enche de orgulho, é verdade. E não haveria de ser diferente para um profissional tantas vezes indicado ao prêmio de Produtor Gráfico do Ano, pela Associação Riograndense de Propaganda (ARP), ganhando duas vezes nesta categoria e mais uma como Produtor Gráfico de PDV. "Ninguém ganha nada sozinho. Foram prêmios de equipe", diz, de forma modesta. Mas Robson não tem a mínima intenção de parar, mesmo não sabendo exatamente o que esperar do futuro, já que prefere pensar no agora, quando é necessário aprender mais, crescer, buscar espaços.
Não se vê aposentado, pois nem acredita nessa palavra como sinônimo de parar, mas como um momento de acalmar, diminuir o ritmo. "Vi a evolução da Propaganda, que me parece ter superado a velocidade da luz, de tão rápidas que são suas mudanças. E por essa caminhada, me sinto, sim, um profissional realizado", garante, completando, em seguida, que vê muito coisa por acontecer ali na frente: "Tem muito por ser feito ainda".
Filho e pai
Robson é o caçula de mais três irmãos, e todos com a mesma inicial e mais um segundo nome: Rogério Paulo, Rubens Luiz e Ronald Guilherme. O que o quarteto tem em comum, além do sobrenome e do coração tricolor? "A deficiência capilar", brinca, aos risos. Filho do eletricitário Nelson Guilherme Albuquerque, perdeu o pai ainda jovem, com 14 anos, e a mãe, a dona de casa Loracy Therezinha, criou a prole muito unida. "Nos damos muito bem entre os irmãos, somos todos gremistas e isso nos une muito. Nossas idades são próximas, então, um cuidou do outro. Além da ausência de cabelos, o que realmente nos une é o sangue, gostamos da companhia um do outro", orgulha-se.
Um dos poucos assuntos que fazem os olhos azuis pararem de brilhar é a perda recente de dona Loracy, vítima de um câncer no pâncreas, em 2015. Da descoberta ao falecimento, foram apenas 15 dias. "Minha mãe não pegava nem gripe, foi fulminante. Não gosto muito de falar nesse assunto, pois a perda ainda dói muito", lamenta, emocionado. Família, em sua concepção, é uma base essencial para todo mundo, mas sabe que, cada vez mais, os irmãos devem se unir para superarem juntos.
Casado há mais de 30 anos com Solange, que hoje trabalha na ML Produções, ele se derrete ao falar da esposa. Diz que é uma leoa, uma grande mulher, uma pessoa maravilhosa, que esteve sempre ao seu lado, conduzindo o barco mesmo nas águas mais turvas. "O mais legal de um relacionamento longo é que a gente sempre acha que conhece tudo da pessoa, mas ela volta e meia surpreende", analisa, ao contar que a chegada do mascote da família, o vira-latas Thor, foi uma surpresa, já que Solange nunca gostou de ter animais em casa.
A filha mais velha do casal, Ana Laura, de 24 anos, é psicóloga. A Negra, como é chamada carinhosamente pelo núcleo, dá um grande orgulho aos pais pelo caminho em Recursos Humanos que começou a trilhar recentemente. Já o mais novo, Gustavo Aluísio, de 15, demonstra interesse pela Medicina e, para Robson, é um grande companheiro. Sua casa é sua fortaleza, diz, para explicar que é um homem completo por ter uma família.
A diferença de idade entre os herdeiros é explicada em função de uma cirurgia na coluna que Solange se submeteu quando Ana Laura tinha quatro anos. Por recomendações médicas, ela não poderia engravidar novamente até que estivesse plenamente recuperada. "Passou o tempo e as duas mulheres da casa começaram a pedir mais um integrante. E aconteceu. Quando cheguei do hospital com o Gustavo, vi a mais velha ir tomar banho sozinha, e essa situação boba me fez perceber a diferença de idade entre eles", detalha.
Nos bastidores da vida
O tempo livre é preenchido de diversas maneiras, é verdade, mas uma das preferências é estar na praia, pois se considera "marisqueiro". O Grêmio também entra na lista de lazeres, vai aos jogos levado pelo filho, como ele brinca, mas admite que, às vezes, precisa segurar a onda do herdeiro para que a paixão não vire fanatismo, tanto que nunca o presenteou com uma camiseta do time. Acredita mesmo que o incentivo foi natural - e de toda a família. Futebol, inclusive, vem de berço, já que o pai era técnico do hoje extinto time Força e Luz, de Porto Alegre.
Para curtir sozinho, gosta do som do ídolo Elvis Presley, mas conta que Michael Jacson e Lady Gaga vão bem também, assim como música clássica, outra herança de seu Nelson Guilherme. Na TV, a preferência é bem enfática: filmes de ação, passando longe do romance ou do drama. E os preferidos são "aqueles que o cara consegue matar mais do que atira, que o filme acaba por falta de personagem, porque todo mundo morreu".
No quesito leitura, está em um momento de obras técnicas - e a do momento é "A força da marca", de Sérgio Zyman. Fora dessa linha, confessa que tem lido pouco, mas cita como marcante "O Monge e o Executivo", de James Hunter. Passa longe do fogão, mas admite fazer o trivial, para não morrer de fome, como brinca, e o cardápio preferido é churrasco, apesar de também não ser o assador. "Sou um ótimo comedor de carne", admite, rindo. A cozinha é de Solange, que tem diversas habilidades gastronômicas, do tipo que "sabe pegar pela barriga". Quando o assunto é bebida, resposta rápida: vinho.
Buscar o melhor
Há muito tempo, Robson se dedica a um movimento de jovens, que é o Escoteirismo - o grupo é o Marechal Rondon, que tem 50 anos e sua sede é na Igreja da Auxiliadora. Ao lado de Solange, é apoiador da juventude, para quem se esforça a ensinar sobre fé, fazer o bem ao outro e buscar um mundo melhor. "Sou católico, vou à missa, mas não sou daqueles superengajados. Passamos a esses adolescentes a necessidade de acreditar em um ser superior", explica.
O produtor gráfico, que em primeiro momento passa um ar de durão, por ser alto e ter um tom de voz marcante, se mostra, na verdade, uma pessoa tranquila, que não foge de perguntas, gosta de falar bastante e quer sempre mais da vida. Ele mesmo diz ser um cara humano, maduro, interessado, que não gosta de entrar em briga por não saber brigar. Que vai atrás de um equilíbrio emocional muito forte e uma visão sistêmica dos processos. É isso que busca para poder dar o melhor de si. "O Robson é um cara muito, mas muito feliz mesmo!"

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