Martha Becker: Quando chega a maioridade

Ao completar 18 anos no mercado, a equipe ressalta um ambiente tranquilo e divertido

A sala de dois andares da Martha Becker Comunicação Corporativa, localizada na avenida Praia de Belas, é um misto de sofisticação com um ar de modernidade. Isso por que as cores vibrantes se destacam nos tons de cinza e preto que compõe a decoração. Do primeiro piso, onde ficam as sócias Martha e Evane Becker e a coordenadora administrativa, Simone Borba, é possível ouvir a equipe bastante animada no mezanino - e volta e meia se percebe o sobe e desce de um time que não pode perder tempo.

Gerenciar uma empresa nunca é fácil, muito menos alcançar a maioridade. Então, completar 18 anos no mercado é um feito comemorado internamente e que parece deixar o discurso dos colaboradores afinado e em sintonia, já que a maioria ressalta o quanto admira o ambiente tranquilo e divertido de lá. "Não são tudo flores, nunca é, mas em termos de equipe talvez seja um dos melhores momentos da nossa história", enaltece Martha, que não cansa de repetir o quanto se orgulha do que construiu.

A rotina de qualquer empresário é sempre agitada, e para quem trabalha com Comunicação dia e noite, mais ainda. O ritmo, porém, não intimidou a jornalista ao engravidar do segundo filho, pois reconhece que isso só foi possível por poder contar com uma ótima equipe, clientes fiéis e, claro, uma parceira em quem confiar plenamente. E por falar nela, a sócia - e mãe - também se desmancha em elogios ao contar a trajetória da dupla. "Minha formação é na área da Educação, mas a Martha desde pequena nutria a vontade de ter o próprio negócio, então, abracei com ela e começamos tudo do zero."

Autênticas

Evane lembra que, desde o primeiro site, quando ter uma página nem era algo muito comum, a frase que norteava os sonhos era: paixão por fazer comunicação. E há quase duas décadas não era lá muito bem visto misturar sentimento com negócios, mas mãe e filha preferiram ignorar as "regras de etiqueta" do mercado e optaram pela transparência nas emoções. Aliás, não por acaso a única sala fechada com vidro é a de reuniões - que divide espaço com a mesa de Martha. "Não há nada para esconder aqui. Gostamos do contato visual, somos transparentes até na estrutura física", compara a matriarca.

Ao destacar a postura, a professora aposentada também aponta para um grande quadro de Jesus, que fica ao lado da sua mesa, e conta: "Nosso Cristo nos acompanha desde a primeira sede. Não temos nenhuma restrição ao acolher qualquer religião, mas essas somos nós, assumimos as coisas nas quais acreditamos", enfatiza, ao garantir que a credibilidade da empresa está diretamente ligada à autenticidade que escolheram ter desde o começo.

Martha e Evane são mencionadas a todo momento pelos colaboradores, que veem nelas mais do que uma referência de liderança, exaltam repetidas vezes o quanto a dupla se preocupa com os colaboradores e investe neles. E essa prática acontece ao oportunizar cursos, incentivar estagiários a participarem de reuniões com clientes, passando por presentear os aniversariantes com um dia de folga a sua escolha, até motivar a partilha de conhecimento. Elas, inclusive, se orgulham de serem formadoras de profissionais que, hoje, estão espalhados por Brasília, Barcelona, ou lecionando em universidade, ou tendo seu próprio negócio.

Pratas da casa

Ao todo, são 16 colaboradores e poucos deles são novatos. Na hierarquia, abaixo das sócias, está o diretor de Comunicação, Gustavo Schenkel, que entrou como estagiário, há quatro anos. Primeiro foi assistente, passou para gerente de conta, coordenador de Criação e, desde o ano passado, assumiu a nova função. Esta, de acordo com ele, foi natural e tem mais a ver com perfil do que com o tempo de casa. "A rotina é bem puxada, mas muito prazerosa. Fico envolvido com clientes, processos, reuniões, planejamentos e tudo que envolve a área jornalística", detalha. As demandas, aliás, aumentaram bastante desde que Martha ganhou seu segundo filho, mas nenhuma pauta cheia parece diminuir a excitação do jornalista, que garante estar frequentemente em sintonia com as gestoras.

Com a mesma empolgação, fala Simone sobre ser o braço direito de Evane. Para ela, que está há quase dez anos no time, a turma toda "se encaixou". Responsável pelo setor administrativo, ela também organiza a agenda de Martha, necessidades operacionais e questões financeiras. Desde que entrou, jura nunca ter ouvido ordens, apenas pedidos. E a postura, garante, a inspira cada dia mais: "Com essa convivência, tenho certeza de que me tornei alguém 70% mais humilde e aprendi a elogiar com frequência também".

O coordenador do Núcleo de Comunicação Digital, Lucas Etchenique, na empresa desde 2012, traçou um caminho semelhante ao do diretor, entrando como estagiário e assumindo a área em seguida. "O que me move é exatamente o foco que tenho no online, com todos os desafios que a área ainda tem dentro de uma assessoria", comenta, completando em seguida que o que mais gosta na rotina é o contato com o cliente. Na sua visão, a comunicação olho no olho, ouvir os problemas para solucionarem juntos, mergulhar no negócio dos parceiros é essencial para propor novas soluções. "Há seis anos, acho que vesti uma camisa que me coube muito bem", brinca, referindo-se ao seu engajamento profissional.

Outro que é considerado "prata da casa" é Daniel Rodrigues, coordenador de Comunicação. Há 15 anos, ele começou com dois jobs que tiveram excelentes resultados, e foram recompensados com outros tantos trabalhos. Com mais experiência e mais articulado na conversa, ele admite que gosta de olhar para trás e perceber o quanto já viveu na empresa - por exemplo, esse é o terceiro endereço o qual frequenta.

Bagunça organizada

Para uma empresa que lida diariamente com comunicação e tem no portfólio grandes marcas, administrar gestão de crise é bastante comum - sem falar em todas as demais atividades inerentes à uma assessoria. Essas responsabilidades fazem com que a quantidade de trabalho seja sempre considerável, elevando as preocupações e a correria do dia a dia. Soma-se ao quadro o fato de que o ambiente operacional de duas ilhas não tem paredes. O cenário, então, explica a primeira impressão ao ouvir as vozes da equipe ainda no primeiro piso: é a famosa bagunça organizada.

O turno da manhã é mais tranquilo, pois apesar da normalidade em chegar "abaixo do mau tempo" - e, ao que parece, essa adrenalina é o que move todo mundo lá - as primeiras horas são dedicadas à organização da casa, tem as clipagens, demandas do dia anterior, entrevistas marcadas. Depois do almoço - e nesse quesito a localização ajuda com muitas opções no entorno - é que a coisa realmente agita.

Para Martha, o que faz os clientes permanecerem em sua carteira é a entrega completa. "Vestimos a camiseta deles de corpo e alma. Além disso, ter pessoas com brilho no olho, que são apaixonadas pelo que fazem, faz tudo ficar ainda mais encantador", orgulha-se.

Como um casamento

Falar da equipe é o que faz os olhos da diretora e sua sócia brilharem, e elas fazem questão de ressaltar que todos entram sabendo que há possibilidade de crescer, com plano de carreira e muitas oportunidades. "Afinal, o crescimento da agência é refletido em todo mundo", resume Evane. Para a filha, uma das premissas para com o time é dar visibilidade a ele, pois é sempre importante que as pessoas sejam vistas. "Não importa que a agência tenha o meu nome, gosto de mostrar que existe gente maravilhosa comigo", exalta, visivelmente empolgada.

Ainda que entenda como um bom momento em termos de quadro de funcionários, Martha admite que este é um aspecto que requer muitos cuidados, que precisa ser cultivado com carinho e estar perto. Uma vez por mês, a empresa proporciona um happy hour; no dia do aniversário do colaborador a mesa dele está enfeitada, tem presente; datas especiais são sinônimo de comemorações internas. "Enfim, é como um casamento, que, para ter sucesso, é preciso investir, não pode deixar correr de qualquer jeito", compara. E nessa linha, Evane conta que dois profissionais são premiados ao final do ano: um escolhido pela equipe e outro pela diretoria. A distinção varia entre jantares especiais até viagens pelo Brasil afora.

O diretor Gustavo concorda com as gestoras e ainda acrescenta que as pessoas de lá são colaborativas, trocam ideias, sugestões e soluções ao longo do dia. Na sua visão, trabalham numa mescla de concentração e diversão, deixando o clima leve e equilibrado. E isso tudo é transmitido a qualquer um que chega. Como sabem disso? Já ouviram muitos comentários positivos exaltando o coleguismo. Claro que já houve momentos de turbulências, mas a seleção natural entra em campo e fica quem se enquadra nesse ritmo.

Há alguns anos, Daniel Rodrigues foi questionado sobre como aguentava fazer a mesma coisa todos os dias e a resposta não poderia ser mais atual, segundo ele: "Não sei quantos dias têm 15 anos, mas posso assegurar que em todos eles executei tarefas totalmente diferentes".

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