Fechamento do PPG: Unisinos terá um novo modelo de pós-graduação que une Comunicação e Design

Ao Coletiva.net, pró-reitor acadêmico e de Relações Internacionais, Guilherme Trez, confirmou a criação de um ensino profissional e a manutenção das pesquisas

Universidade passa por reestruturação - Divulgação/Unisinos

No final de julho, a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) anunciou o fechamento de 12 dos 26 Programas de Pós-graduação (PPG), entre eles o de Comunicação. O fato gerou repercussão entre alunos, professores e associações de ensino. Em conversa com o Coletiva.net, o pró-reitor acadêmico e de Relações Internacionais, Guilherme Trez, confirmou a reconfiguração na Escola Criativa, com a criação de um novo modelo de PPG profissional, que une Comunicação e Design, e a manutenção das pesquisas. Conforme o gestor, a instituição está realizando uma "readequação da estrutura, mudança de modelo, com maior conexão e foco na região e na sociedade". 

De acordo com Guilherme, a Universidade tem o objetivo de continuar com uma educação de excelência. "Manteremos o padrão de qualidade, mas adequado ao novo ciclo, de forma reconfigurada, mais próxima da sociedade", salientou. Para o pró-reitor, a nova formatação, de uma educação com foco no profissional, busca atender a uma demanda da comunidade, que mostra que o sistema até então existente, voltado para a área acadêmica, está esgotado, enquanto tem crescido este novo padrão.

O executivo afirmou, inclusive, que a própria instituição já possui outros cursos nesses moldes que "reúne em um mesmo programa a pesquisa, mas voltada à formação do público profissional". O planejamento do novo programa já está em realização pelos coordenadores de curso e docentes e deve ser finalizado até o final deste ano. A proposta será submetida à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), assim que a fundação vinculada ao Ministério da Educação abrir edital, o que, segundo Guilherme, pode ocorrer no início de 2023 ou no começo do segundo semestre do ano que vem. 

Novas fontes de receita para a pesquisa

Guilherme Trez garantiu à reportagem do portal que as pesquisas continuarão, e que, para isso, a Unisinos está incentivando a criação de núcleos temáticos e buscando novas fontes de fomento, que podem ser por meio de iniciativas privadas, tanto nacionais quanto internacionais, ou organizações públicas. Como exemplo, cita a área de Tecnologia da Informação (TI), em que empresas podem aplicar verba na formação de pessoas. Além disso, a instituição seguirá participando de editais nacionais e internacionais de organizações que subsidiam projetos de pesquisa.

Impacto na sociedade

O encerramento dos cursos foi justificado pela questão financeira. Ele explica que o número de alunos na universidade presencial caiu, enquanto aumentou nos cursos de Ensino a Distância (EAD), mesmo em instituições de fora do Estado. Conforme Guilherme, as universidades privadas têm dificuldade para se manter porque os recursos provêm das mensalidades pagas pelos estudantes. Assim, com a oferta de um novo curso, a expectativa é atrair mais alunos. "Há uma transformação de contexto, e a Unisinos é forçada a tomar medidas." Sobre o aumento de mensalidades, uma das pautas de protestos organizados pelo Diretório Central de Estudantes (DCE), o pró-reitor afirmou que "hoje não é uma pauta em discussão". 

O gestor também garantiu que nenhum estudante será afetado, pois a descontinuidade do PPG aconteceu pela não abertura de novas vagas. Ele afirmou que serão mantidas as bolsas vigentes, inclusive, para os alunos que fazem doutorado-sanduíche em outros países. O profissional também disse que um professor foi desligado e que não há previsões de outras alterações. Ele destacou que a notícia teve repercussão, mas que a universidade procurou fazer isso de forma transparente.

Debate pela Educação

"O que nós percebemos com o anúncio é que há um interesse muito grande pela educação, há mobilização. A Unisinos, com a reestruturação, passa a ter 14 programas de pós-graduação e continua sendo uma das maiores universidades privadas do Brasil", destacou o gestor, ao salientar que não percebe o envolvimento da comunidade em outras pautas da área. "Tivemos grandes mudanças na educação que não tiveram debate."

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