Clássico unido ao digital na conquista de aliados

Por Vicente Muguerza, para Coletiva.net

E já se vão muitos anos dedicados à Comunicação, parte deles trabalhando diretamente com o setor varejista e - digo com convicção - aprendendo todos os dias. Fazer comunicação por si só já é um grande desafio. Fazer comunicação para o varejo requer criatividade extra e agilidade, agilidade e mais um pouco de agilidade. O varejo busca sempre soluções rápidas e eficientes pelo menor custo. Essa característica se dá devido às inúmeras variáveis econômicas, políticas e sociais, que afetam diretamente o setor e, é claro, o desejo de se manter vivo e remunerar seus acionistas.

Este tempo atuando junto ao varejo me levou a acreditar que ouvir, entender, estudar, planejar e ser autêntico são atributos do profissional que atua no setor, buscando diariamente o crescimento das marcas e do faturamento das organizações que defendem.

Com a finalidade de traduzir os desejos das empresas (crescer e faturar) e levar para o mundo real o que idealizam, se faz necessário também escutar e descobrir as reais necessidades; analisar referências deste mundo globalizado a fim de transformar percepções em reais oportunidades; estudar constantemente potencialidades e fragilidades de cada segmento. É preciso olhar de forma crítica - ou detalhista - as ações dos concorrentes e, por fim, investir os recursos adequados para colocar em prática as ações minunciosamente desenhadas.

Concomitantemente a essa visão clássica, o rápido avanço das tecnologias e o uso frenético das mídias sociais fizeram com que as empresas, agências e veículos de mídia iniciassem um processo de reflexão sobre a comunicação. Os hábitos mudaram e as conexões também. O que observamos é que há uma interação fluente e emergente entre os canais. Mesmo recorrendo às mídias tradicionais, o acesso por diferentes dispositivos, telas e plataformas impactam diretamente na forma de consumir.

Bombardeado por múltiplos canais, o cliente tem na "revolução digital" um poderoso instrumento e, por sua vez, a marca tem nas mãos o gigante desafio de conquistar, todos os dias, novos aliados.

Por que aliados e não clientes? Por um simples motivo. Hoje, as empresas não vendem mais para um ente que só ouve. Hoje, vende-se para quem tem voz e usa sua voz. Para quem reconhece seus direitos como consumidor respaldado em diversos códigos. Critico em relação ao universo que convive. Se ele - o aliado - não gostar do que você produz, embala, distribui ou comunica em um único post ou comentário, e a reputação da sua empresa, do seu produto, do seu serviço pode ficar comprometida.

Então, entramos num outro campo importantíssimo que é o de conquistar novos aliados ou, simplesmente, transformar clientes em aliados.  Para que isso ocorra, olhar com extrema atenção, carinho e respeito para os atuais é o primeiro passo. Entender quais são os pontos fortes que ele reconhece em profundidade dos seus produtos e serviços. Pensar o quanto estão dispostos a pagar por eles. Aqui, a marca começa a estabelecer estratégias a partir de valores percebidos por quem já se relaciona e se identifica. Primeiro passo para a conquista ou transformação de clientes em aliados.

Agora que já tem ideia do que é importante para seus clientes atuais, certamente haverá outros grupos sociais, consumidores, nichos que também poderão reconhecer valor no que sua empresa está oferecendo. Então, o segredo está em buscar sinergia e ressonância com valores já percebidos e identificados na sua marca, empresa, produto ou serviço para seduzir e conquistar novos aliados.

A atenção aos atuais aliados e a busca por novos abrirão um novo leque de experiências e conhecimentos que poderão melhorar e ampliar, consideravelmente, seus serviços e/ou produtos.

Portanto, a busca de conhecimento por parte dos profissionais de marketing/comunicação, partindo dos padrões clássicos de entendimento e diagnósticos das marcas nos mercados que atua, aderente ao novo olhar múltiplo e flexível que surge com a transformação digital, passa ser um caminho sem volta para a conquista de aliados e crescimento das empresas.

Enfim, a única certeza que se tem é que o caminho ainda é incerto, com uma velocidade de mudança ainda não vivenciada, porém repleto de oportunidades que, se bem aproveitadas, têm o poder de provocar, conquistar e envolver o aliado ou até mesmo antecipar tendências. O importante é saber aproximar as experiências que tivemos com essa "transformação digital" e se reinventar. Divirta-se!

Vicente Muguerza é sócio-diretor da agência Publivar/On.

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