A trama de Relações Públicas por trás do Oscar
De Lucas Dalfrancis, para o Coletiva.net

A campanha para o Oscar sempre foi uma disputa intensa, mas a edição deste ano escancara o papel do PR (public relations) e das narrativas estratégicas na construção - e na desconstrução - de reputações. No centro dessa batalha está Fernanda Torres, cuja indicação a Melhor Atriz, que deveria ser um marco para o cinema brasileiro, tem sido ofuscada por ataques coordenados que envolvem diretamente uma concorrente ao prêmio.
Nos bastidores, uma campanha para o Oscar não se sustenta apenas pelo talento em cena. Relações públicas agressivas, articulações precisas e, cada vez mais, a influência das redes sociais ditam o jogo. No caso de Fernanda, os ataques seguem um roteiro clássico de desgaste de imagem: questionamentos sobre sua trajetória, sobre a produção do filme e até sobre o próprio Oscar, tudo amplificado por um ambiente digital onde a polêmica se espalha com mais força do que o mérito.
O mais revelador é que esses ataques não surgem espontaneamente. Há uma lógica bem definida por trás desse movimento - não um embate orgânico, mas estratégico. Em tempos de bolhas digitais e engajamento algorítmico, narrativas polarizadoras ganham mais tração do que aquelas que apenas celebram um feito. E quando uma campanha se torna uma disputa de influência, os ataques passam a ser tão ou mais potentes do que o próprio reconhecimento que os motivou.
O caso de Fernanda levanta uma questão inevitável: até que ponto uma indicação ao Oscar depende mais da performance em cena ou da estratégia de relações públicas? A forma como uma candidatura é construída - e protegida - determina não só a recepção da crítica, mas a maneira como uma história é aceita e legitimada.
No fim, o Oscar não é apenas uma premiação. É um jogo de influência, de relações públicas e de narrativas. E se a indicação de Fernanda Torres marcou um momento histórico para o cinema brasileiro, também trouxe uma aula sobre como reputações são construídas e testadas no ambiente digital e midiático.
Resta saber: qual narrativa vencerá no final?
Lucas Dalfrancis é CEO da Notório