Algumas coisas difíceis de entender

Por Iraguassu Farias, para Coletiva.net

Um dia, um dirigente de agência me disse: "Água para mim é... Banco é... E loja de varejo é...". Evidentemente, ele falava de seus clientes, mas, mais do que isto, falava de convicções (lá atrás já se praticava a 'experiência', neste caso, forçada).

Falo de convicções, de paradigmas e da revisão deles. Falo da casa de ferreiro, espeto de pau. Mas poderia traduzir por 'como tu recomenda ao cliente uma ação que tu nunca usaria para ti mesmo?'.

Creio ter desconcertado um dirigente de agência ontem ao fazer esta pergunta. E alguns veículos, que brigam por um lugar ao sol e que, fundamentalmente, cobrem o mercado da comunicação, certamente não entendem (ou sabem, sim), porque grandes players da propaganda fazem campanhas maravilhosas (sim, já se pode fazer mais quando o mercado era irrigado e não esta secura que anda por ai), e alavancam seus clientes não exercem a mesma lógica para si? Será por que a vida inteira foram acostumados a serem presenteados? 'Me consegue uma lona? Preciso de uma página... Tem uns pontos pra me dar?'.

Certamente, esta visão fica um pouco, digamos, forçada, porque está muito difícil sobreviver neste mercado atualmente. Mas, mesmo assim, a "propaganda (de si, poderia dizer) é a alma do negócio". E negócio que não anuncia, não é visto. E, como dizem por aí, "não adianta fazer grandes coisas e não contar para ninguém", o que também chama ao texto a piada machista da Sharon Stone.

Hoje, falei a um dirigente de veículo que verbos como 'conter', 'cortar', 'suprimir' não deveriam fazer parte do dia a dia da empresa dele.

Fico imaginando o diretor de contas e seu séquito apresentando uma campanha no cliente, com um baita plano de mídia, e voltar de lá com a aprovação pela metade. Ou a não aprovação. E lá se foram as convicções. E ele tinha certeza de que fez o melhor. Mas alguém não concordou.

Quando vejo uma agência fechar, um veículo deixar de ser impresso, uma grande conta indo embora para outro estado, tenho pena do Rio Grande do Sul e de seus agentes econômicos. Governos quebrados, indústria com 'crescimento negativo', mídia programática pagando R$ 0,50 o CPM... Me pergunto onde vamos parar? Alguém já disse que restarão "meia dúzia de cinco" ao final.

Será?

Iraguassu Farias é diretor Comercial de Coletiva.net.

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