As lives sobreviverão à pandemia?

Por Fernando Puhlmann, para Coletiva.net

A grande maioria das empresas e marcas nunca estiveram tão longe da sua rotina como agora, a pandemia chegou de mansinho e cada vez mais marcas e empresas estão sendo obrigadas a repensar sua estratégia de comunicação e eventos.

As já famosas (e por muitos enjoadas) lives tomaram as nossas TVs, notes e smartphones.

Todo mundo fez, faz ou assiste as lives, seja para falar com a família, vender pizzas da tia que perdeu emprego, discutir saídas da crise, tirar do papel aquele canal de YouTube que estava guardado há anos ou para curtir um show da Ivete Sangalo, na sala da sua casa na Praia do Forte.

Mas, e depois que passar a pandemia? E, quando chegar a vacina, as lives sobreviverão?

Eu acredito que sim!

Descobrimos que a presença física já não é necessária sempre, podemos fazer uma conversa, uma reunião e até uma assembleia, cada um na sua casa, no seu escritório ou no seu café de preferência, sem deslocamento, trânsito e perda de tempo.

Aprendemos a fazer vídeos chamadas em grupo no WhatsApp, a usar o Zoom, o Meet e o Teams.

Fomos obrigados a entender o quanto a banda de "down" é diferente da de "up" e como elas juntas, podem fazer aquele projeto de ganhar o mundo, que você mantinha escondido no fundo do armário, sair para passear livremente pelo planeta web.

Conseguimos nos divertir na sala de casa, muitas vezes de pijama, tomando vinho e curtindo Alexandre Pires, Oswaldo Montenegro e/ou aquele amigo que é músico e você não via tocar ao vivo há milênios.

Mudamos nosso mindset em relação ao nosso espaço físico e passamos a nos entender no espaço tempo, em uma relação que não tínhamos antes da pandemia, de que é possível nos emocionarmos, aprendermos e trabalharmos, sem estarmos necessariamente naquele local de corpo presente.

OK! Então, para ti não haverá mais locais de encontro? Não, óbvio que haverá, e muitos. Continuaremos nos encontrando para trabalhar, tomar café, dançar, assistir a um bom espetáculo e jantar, mas passamos a ter a noção que é possível também fazermos algumas dessas coisas à distância e aí que entra o porquê dessa minha crença de que as lives vieram para ficar:

1)      O que nos impedia de fazermos lives antes era que não estávamos acostumados a fazê-las e, como somos por natureza acomodados, a maioria preferia seguir o velho método do encontro físico, mas agora, que isso nos foi tirado pelo medo do contágio, entendemos o quanto pode ser prático abrir o note na sua mesa e falar com o mundo todo sem precisar sair de casa.

2)      Nossa banda de internet era muito ruim. (Ela continua sendo!) Sim, mas já evoluiu e com mais gente precisando de banda para fazer transmissões, a tendência é que melhore cada vez mais e se torne mais acessível. Velha lei do mercado, se todo mundo busca, muita gente passa a vender e a concorrência faz as coisas melhorarem.

3)      E, por último, mas não menos importante, o item que me parece fundamental: o show business! Seja o promotor do evento, o artista ou o patrocinador, se deu conta da GIGANTESCA capacidade de escalar na internet. Shows de até médio porte, nem tão populares, chegam rapidamente a centenas de milhares de visualizações, e alguns a milhões (Olha o Baitaca aí), fazendo a alegria de muitos brasileiros mundo afora (sim, a internet não tem fronteira, nem pede passaporte). E ele não vai deixar de fora da sua receita, uma parcela tão grande de mercado.

Então, as lives são uma maravilha? Não, elas precisam evoluir muito, mas já existem diversas empresas estudando formas de melhorar a qualidade de distribuição, fomentar a monetização e também criar novas possibilidades de interação.

E nós, da Cuentos y Circo, somos uma dessas empresas.

Vem aplicativo novo por aí, e o que podemos adiantar é que os patrocinadores vão querer lives todos os dias, e o povo também.

Fernando Puhlmann é diretor da Cuentos y Circo.

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