Coletiva dos afetos e das oportunidades

Por Cleidi Pereira, para Coletiva.net

O ano era 2007. Não parece tanto tempo assim, mas lá se vão 12 anos. Era uma jovem estudante de Jornalismo, que recém havia trocado um emprego de vendedora de loja por um estágio numa empresa de clipagem eletrônica. Mas meu maior desejo, naquela altura, era colocar em prática o que vinha aprendendo na faculdade há três semestres. Queria muito escrever. Como acontece com certa frequência em minha vida, fui parar no Coletiva.net por uma "trapalhada". Foi num catálogo da Associação Riograndense de Imprensa (ARI) que encontrei uma lista de agências de comunicação. Os contatos do Coletiva estavam lá. Enviei meu currículo, achando que se tratava de empresa de assessoria de imprensa. No mesmo dia, uma sexta-feira no fim de abril, o Vieira (sempre ágil) respondeu algo como: "Não temos vaga no momento, mas gostaria de conversar contigo". A conversa ficou para maio, depois para junho? Até que, enfim, o contrato de estágio começou em julho.

Ao reler trocas de e-mails daquela época, ainda me impressiono com a paciência e o didatismo do meu primeiro editor. Se ele mudasse uma palavra, acrescentasse uma vírgula ou recusasse uma pauta, sempre explicava o porquê. O Coletiva foi uma escola e o Vieira, um dos meus melhores mestres. Sinto-me muito grata por todo o aprendizado e pelas oportunidades que tive. Lá, fiz de tudo um pouco: reescrevi releases, apurei, aprendi a cultivar fontes, escrevi perfis, fotografei, cobri eventos, participei de coletivas de imprensa, fiz matérias para revista, produzi e gravei matérias para web rádio e web TV. Conheci a trajetória inspiradora - pessoal e profissional - de tantas pessoas, o que, sem dúvida, contribuiu para que eu ampliasse horizontes e não tivesse medo de arriscar e abraçar as oportunidades que surgiriam dali em diante, como ser repórter de rural ou política sem experiência prévia.

Nos quase quatro anos de Coletiva (e agência Pública - hoje Moove) não obtive somente lições sobre Jornalismo, mas, também, amizades e aprendizados para a vida. Foi lá que aprendi que, no fim das contas, o que mais importa são as pessoas, as relações que construímos. Não, não havia uma frase sobre isso num quadrinho. Não era um mero objetivo ou indicativo de missão da empresa colado na parede. Era algo que acontecia na prática, no dia a dia. Da relação entre os então sócios, Vieira e Fuscaldo, à cumplicidade entre os colaboradores. Da confiança das fontes ao reconhecimento dos leitores e mercado. E esse legado o Coletiva ainda mantém, pois está no seu DNA.

Para mim, Coletiva foi e sempre será a casa dos afetos e das oportunidades. Inovação e profissionalismo são outras palavras que descrevem a alma desta jovem e inquieta empresa. Tudo isso e mais um pouco aliado à certa dose de audácia, o que fez o portal estrear suas coberturas internacionais em 2017. Eu recém havia me mudado para Lisboa quando enviei para a Márcia Christofoli, publisher do veículo, uma sugestão de pauta: a cobertura da Web Summit. Era o segundo ano do megaevento de startups, empreendedorismo e inovação na capital portuguesa, e a Márcia, com o entusiasmo que é sua marca, topou. Desde então, Coletiva já levou sua bandeira para Portugal, França e EUA, e eu tive a honra de ser "os olhos dos leitores" em Lisboa e Cannes. Uma década depois do início da minha história com o portal, me vi desafiada não só a desbravar terras estrangeiras, mas a fazer muitas coisas, novamente, pela primeira vez.

Fica aqui o registro da minha gratidão ao Coletiva, do orgulho de ter escrito algumas páginas de sua história e, principalmente, os votos de sucesso e vida longa. Que o Coletiva continue sendo - como o próprio nome indica - plural, mas, ao mesmo tempo, singular. Feito para pessoas, feito de e por pessoas que humanizam marcas e trajetórias. 

Cleidi Pereira é jornalista e mestranda em Ciência Política na Universidade Nova de Lisboa. Ex-estagiária de Coletiva.net.

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