Direitos transmissivos: da TV ao rádio

Por Bruno Dornelles, para Coletiva.net

Em recente declaração à Rádio Gaúcha, Francisco Novelletto, vice-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), citou que já para o ano que vem uma mudança deverá tocar as transmissões futebolísticas das rádios. Diz ele que um projeto que já estava em discussão na maior entidade nacional do futebol, está ganhando força - principalmente após as declarações de Andrés Sanches, presidente do Corinthians, no pré-jogo contra o Grêmio, aqui em Porto Alegre, no último final de semana (parte da entrevista do mandatário corintiano pode ser conferida por meio deste link).

A mudança, então, seria a cobrança de direitos transmissivos para este tipo de mídia. A iniciativa valeria não apenas para as rádios e emissoras tradicionais, mas também para webradios, portais e blogs. Na entrevista supracitada de Sanchez, ele compara o mundo daqui, com o da bola existente na Europa. Por sua vez, três dias depois, em entrevista à mesma emissora, Novelletto fez a mesma comparação, agora com o principal torneio da modalidade, a Copa do Mundo. "Eu estou falando pela minha cabeça e por mim: no ano que vem, só vai transmitir quem pagar, e está absolutamente certo. Tem que ser como na Copa do Mundo", afirmou ele, na oportunidade. Portanto, resta claro que 'por bandas mais profissionais', esses direitos de transmissão de rádios já existem há tempos.

Vejamos agora: o que isso influenciaria e acarretaria no mercado nacional? Obviamente, os valores que possivelmente serão cobrados pela entidade maior do futebol não serão rasos, o que barraria um bocado de emissoras de realizarem essas transmissões. Que, em efeito cascata, faria com que diminuísse a necessidade de mão de obra dentro das mesmas, podendo ocasionar, assim, algumas demissões - quem sabe até em massa. Na mesma onda, essas emissoras ditas menores são as que quase sempre revelam bons jornalistas, que, tempos depois, acabam indo para as grandes - aquelas que teriam o poderio para arcar com os preços pedidos pela CBF. Então, sim, tal mudança poderia tocar, e muito, as redações e as formas de fazer transmissões esportivas nas rádios. 

Por outro lado, se para outro veículo tradicional, no caso a TV, esses direitos já são cobrados, porque para o rádio e seus segmentos - webradios e afins... - este mesmo conceito não valeria? Novelletto justifica o movimento com a retórica "os clubes precisam de dinheiro. O dinheiro iria para a CBF, que repassaria aos clubes".  Então, para mim, ficam alguns questionamentos: o dinheiro, este citado pelo vice-presidente da entidade, iria todo mesmo para os clubes? Se sim, como seria feita essa repartição? De forma igualitária? Ou dinheiro, como já dito provavelmente exarcerbado, seria uma forma de controle de informações? Na minha opinião, o binômio transparência e informação tem que ser mais claro em todas as entidades, sobretudo naquelas que detém os poderes da segunda.

Bruno Dornelles é formado em Direito e estudante de Jornalismo do IPA.

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