O sonho que eu não sonhei (ainda ele)

Por Márcia Christofoli, para Coletiva.net

"Márcia, a semana especial de aniversário do Coletiva.net tem que começar com um artigo do Vieira (o fundador) e terminar com um teu." Essa foi a frase que eu ouvi quando planejávamos algumas tímidas ações que iniciariam a comemoração. E, vejam só, logo eu, que sempre amei escrever, que fui para faculdade estudar sobre essa arte, que vivo diariamente deste ofício, fico sem palavras. Isso porque não é nada fácil cumprir a missão de discorrer sobre a minha relação com esta empresa, com esta marca, com este título de ser uma "coletivete" - expressão carinhosa em referência aos tantos repórteres que por aqui passaram.

O que dizer, sem que soe repetitivo, sobre os 20 anos de Coletiva.net, especialmente quando se faz parte de metade dessa história? Parece que foi ontem que, ainda estagiária e com pouco mais de 10 dias de empresa, fui escalada para cobrir em tempo real a festa de 10 anos do portal. Antes de ingressar na equipe, eu já era leitora há dois anos, pelo menos. Sabia da seriedade e da importância do veículo, mas não podia imaginar a grandeza que se traduziria para mim naquele evento. Era muita gente (se eu sabia o nome de umas 15 pessoas, era muito!), tinham autoridades, jornalistas a quem eu admirava, meus novos colegas eufóricos com aquele momento. Enfim, o cenário era realmente surpreendente - e até um pouco assustador, admito.

Não raro volto às fotos daquele dia e penso: essa Márcia, de 10 anos atrás, jamais imaginaria chegar até aqui. Não me acho capaz, merecedora ou mesmo vitoriosa? Longe disso. Apenas nunca, nem nos meus desejos mais ousados, sonhei em conduzir aquela empresa das fotos. A menina que entrou estagiária e fez o caminho natural em uma redação, saindo de lá editora, jamais idealizou voltar para equipe para comandá-la. Na primeira passagem, vivi intensamente o mercado da Comunicação, permitindo-me aprender, errar (e muito!), sofrer, conhecer e desbravar esse mercado enlouquecedor. Respirei o título de "coletivete" e dele guardei cenas memoráveis.

Depois de deixar a redação full time, virei prestadora de serviço e consegui ver o Coletiva.net com outros olhos, mas continuei admirando o veículo, a marca, a empresa e seus fundadores. Dei palpite, mandei sugestões de pauta, indiquei profissionais, encabecei projetos e continuei leitora voraz e diária de seus conteúdos. "Volta!" alguns me diziam. "Capaz!" eu respondia. Não porque não tivesse vontade, mas eu queria acreditar que meu ciclo ali havia encerrado. Só que era estranho sentir que dentro de mim ainda pulsava um coração coletivete.

Eis que numa sexta-feira de Verão vem a notícia: "Vieira vai vender o portal e quer que tu o conduza daqui para frente." Depois do choque, veio o entusiasmo e, por último, a ansiedade. Será que vou conseguir? Será que tenho essa capacidade? Será que é o momento certo? As dúvidas não desapareceram, mas tudo começou a ser encaminhar para efetivar o negócio e eu precisava agir. Montei espaço físico e equipe, respirei fundo, segurei a mão de alguns e disse para mim mesma: "Vamos nessa!". E fui.

Eu não tinha experiência empresarial, nem dinheiro sobrando, muitos menos noção de por onde começar. Mas tinha nas mãos um desafio; na cabeça um objetivo; e no coração a certeza de que eu estava de volta a um lugar que nunca havia deixado de ser meu. Quase três anos depois da decisão de voltar, desta vez para a gestão da empresa, e eu tenho ainda mais orgulho dela. Afinal, são 20 ANOS!! A história desses últimos 34 meses não é de um todo linda, mas é de luta, de muitas brigas, de angústias e medos, mas de uma única certeza: a de que nenhuma empresa até hoje fez meu coração bater como o Coletiva.net faz.

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