Portal Coletiva.net - uma revisão no tempo

De Luís Augusto Lopes, para Coletiva.net

Não é muito difícil revisar o Coletiva.net. Mas também não é fácil! É preciso, obviamente, estar atento às normas gramaticais, aos padrões jornalísticos, ao estilo, à adequação da linguagem, algo muito peculiar neste conceituadíssimo portal. E isso praticamente não mudou desde seu longínquo início. Refiro-me, é claro, à simples questão de revisar as notas diárias sobre o pulsante mercado da comunicação gaúcha.  

Recordo-me que, quando Vieira da Cunha e cia. me convidaram para ver como poderíamos estabelecer o processo de revisão, eu trabalhava na Plural Comunicação, um braço do Grupo Amanhã, revisando informativos empresariais. Precisava me deslocar do começo da Av. Ipiranga até a Carlos Gomes, de ônibus, toda quinta-feira à tarde para ler e fazer as devidas correções nas notas que seriam publicadas no dia seguinte, permanecendo estáticas (literalmente) até a outra sexta-feira. As notas eram produzidas pelo trio de sócios e, depois, repassadas a mim para revisar. 

E eis que, logo após iniciar essa dupla jornada, uma questão de semanas, estourou uma bomba no meu colo! Alguém - não lembro quem - que trabalhava no Grupo Amanhã havia sido dispensado, e essa demissão foi o teor de uma das notas na semana seguinte. Só que pouquíssimas pessoas da direção do grupo sabiam dessa informação. E a suspeita era que eu havia passado essa notícia ao site Coletiva.net. 

Apesar das minhas insistentes e sinceras negativas ("Putz, agora perdi dois clientes ao mesmo tempo", pensei!), foi necessário um bom tempo para que acreditassem na minha inocência e tudo se acalmou com o passar dos dias. Confesso que não guardo nenhum ressentimento desse episódio. Bola pra frente! 

Tempos depois, o site começou a publicar notas diariamente, mas só no expediente da tarde. E, posteriormente, com a conquista de boa parte do mercado e a credibilidade cada vez maior do então site, as publicações passaram a ser divulgadas também de manhã, a partir das 10h, até o fim do dia, como ocorre até hoje.  

Não basta apenas ter um razoável domínio da Língua Portuguesa - doravante LP -, aliás, esse domínio inclui como era, especialmente, a questão dos hífens antes das novas regras, o que ainda causa uma tremenda confusão para quem costuma se aventurar na escrita. Deve-se dar conta, além, por óbvio, de obedecer às inúmeras e até complexas regras gramaticais, de diversos aspectos que compõem aquela nota recém-lançada no ar, como evitar repetições ("No entanto", "Portanto", as campeãs em qualquer texto!), a grafia correta dos entrevistados ou de fontes citadas (José Antonio Vieira da Cunha, por exemplo, não tem acento em Antonio - gerando, inclusive, muita perplexidade na redação!). Isso vale também para nomes como Antonio Britto, Mario Quintana, Erico e Luis Fernando Verissimo. Além disso, é preciso ter muito cuidado com datas e locais - não se deve escrever "Fulano nasceu em Caxias e depois se mudou para Sapucaia.". Para as notas do portal - e para qualquer informativo/revista/livro -, deve-se informar o nome correto da cidade: "Fulano nasceu em Caxias do Sul e depois se mudou para Sapucaia do Sul.". E isso vale também para Eldorado do Sul/Santa Cruz do Sul, etc.

E por falar em Vieira da Cunha, agradeço sempre a confiança, a compreensão, o apoio - especialmente em me ajudar a financiar um computador 486 (será que ele lembra disso?) -  e a cordial amizade, mesmo que nossas preferências futebolísticas não sejam convergentes. 

* Só pra registro: quem teve um 486 tem grandes chances de estar no grupo de risco da Covid-19 e não deve sair de casa!

O que não cabe neste portal é um quê de rigorismo, um academicismo com a LP. As notas são curtas, de dois, três, quatro parágrafos, em que o texto deve ter uma certa leveza, sem deixar de lado a exatidão da informação, conferida e diversas vezes checada, pra não cair em fake news. O mesmo cuidado se tem nas caprichadas publicações Coletiva Tendências. Portanto, Coletiva.net não é lugar pra ficar discutindo se vai vírgula ou não porque a oração coordenada assindética do aposto do vocativo, com base no complemento nominal do predicado verbal assim o exige! 

Em tempos de portal multiplataforma, é hora de dar um salve ao avanço da tecnologia. Dos tempos de ir de bus para a redação na antiga sede da Carlos Gomes até este momento em que o portal pode ser acessado pelo meu celular, lá se foram mais de 20 anos! Já revisei uma nota na parada do ônibus, dentro de supermercado, em fila de espera, etc. E para as mais urgentes (sim, às vezes acontece), vai um alerta às pressas para quem está na redação pelo WhatsApp e/ou Facebook! E por falar em tecnologia, não posso deixar de agradecer, com muita humildade, o meu querido tio Google, aquele que faz a gente perceber que não sabemos de tudo, mas ele sim é que nos salva com muita facilidade e rapidez das "peças que a LP nos prega", como diz o mestre Paulo Ledur. Nesta semana, revisando um informativo de uma empresa do segmento de alimentação, me deparei com uma receita e seus ingredientes. Entre eles, estava o tal "açúcar demerara". Gente, o que é açúcar demerara!? Será que o chef convidado da revista não digitou errado? Sem pensar muito, fui ao Google e lá encontrei, em fração de segundos, dezenas de links sobre o 'açúcar demerara', incluindo imagens de embalagens com o produto. Daí pergunto: Onde iria encontrar a solução dessa tenebrosa dúvida em tempos pré-internet? Na Barsa? Na Enciclopédia Britânica? Quantos livros de receita teria que consultar e quanto tempo demoraria nessa kafkiana busca?

Em tempo: quem consultou essas enciclopédias entrou definitivamente no grupo de altíssimo risco de contrair o coronavírus! Fi-que-em-ca-sa! 

Agora vivemos uma época de pandemia, quarentena, home office, inclusive muitas agências-clientes também estão trabalhando de casa e me enviando trabalhos diariamente. Então informo, a quem interessar possa, que trabalho em home office há 14 anos! Ou seja, quarentena não é problema aqui. Só fico magoado porque isso a Globo não mostra! Afff!

Lembro, com carinho, de praticamente todos que passaram na redação e com quem mantenho uma fraterna amizade. Aproveito para agradecer à querida chefa Márcia Christofoli, futura mamãe de um grande tricolor que vem chegando aí, pela confiança e pelo apoio, ainda mais que nossas preferências futebolísticas são muito convergentes. Parabéns a toda equipe do Coletiva.net pelos 21 anos, e também a todos que comandaram e/ou trabalharam, ao longo dos anos, neste que é o melhor portal de informação sobre o mercado da comunicação do Rio Grande do Sul! 

Luís Augusto Lopes é o décimo a assinar a sequência de artigos comemorativos aos 21 anos de Coletiva.net. Formado em Letras, ele é o revisor do portal e das revistas do selo Tendências desde os seus lançamentos. Ou seja, está conosco há mais de duas décadas!

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