Rumo aos 22

Por Fraga, para Coletiva.net

Quem tem menos de 21 anos não vai acreditar: este avançado portal já foi um site primitivo. 

Não posso dizer que quando aqui cheguei tudo isso era mato. Em julho/2005 havia macegas, mas o Vieira e o Fuscaldo já tinham capinado a web. Os sócios, visionários de primeira iniciativa, araram a área e o que era agreste verdejou de possibilidades.

Como vim parar no Coletiva? O RS nem notou mas passei 20 anos longe: 12 no Rio, 8 em SP, estados que também não me notaram. De volta a Poa, queria reencontrar amigos, reatar o que nunca fora desatado. Depois corri pra internet, em busca profissional: haveria vaga pra humorista? 

Pesquisei o nome do Júlio Mariani, ex-editor na extinta Folha da Manhã/CJCJ. E, fiat lux! O nome dele emergiu do (pra mim) desconhecido Coletiva. Bão, eu e o Julio nos achamos e achados estamos até hoje.

A descoberta decisiva, porém, tava no expediente: o Vieira como editor. Amigo de décadas, companheiro na Folha da Manhã e no Coojornal, me recebeu pra matar saudades. E na visita, além do calor humano, ofereceu cafeína e convite pra colaborar. Me senti em casa, e o resto é arquivo digital e afetivo. 

No Coletiva tive anfitriões singulares, e dois deles me matam de saudades: o sumido Mário de Almeida e a ausente Clô Barcellos. Mário, um memorialista admirável, e Clô, genial criadora da Fulana. Também sinto falta de Ernani Ssó, escritor e crítico certeiro da cultura e costumes brasileiros. De resto, o time atual é imbatível. 

Relevância à parte no mundo do Jornalismo e da Publicidade, o Coletiva também é fundamental como trincheira de opinião. Daqui, colunistas curtem e repercutem a realidade. Cada um com seu tipo de munição, miram os compassos e descompassos do nosso trepidante Braziuziu. 

Cabe lembrar: a natureza do vínculo que os colunistas têm com o Coletiva passa longe do empregatício. Todos colaboradores, motivados pela oportunidade semanal de pitaquear tudo e pela convidativa liberdade editorial. O resultado desse envolvimento é, hoje, valioso território de conteúdo acumulado. Que pode ser lido tanto como acervo de crônicas como testemunhais da nossa época.

Pelo longo exercício dos que aqui teclaram e tantos que ainda teclam, acabamos enfeixados numa coesa comunidade opinativa: somos diversos, extroversos e até controversos, mas nunca adversos. Quer dizer, convívio que o tempo não dispersa.

Não sou o Paulinho da Viola nem o Coletiva é a Portela. Mas esse azulão do portal é como um riacho que passou em nossas vidas, e não tem como o coração não se deixar levar.

Fraga já foi e voltou algumas vezes. O mais antigo colunista divide até hoje com os leitores a sagacidade e perspicácia de suas palavras e ainda as coroa com uma imagem. Ou seja, une o dom da escrita e do desenho.

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