O assassinato da professora na escola de São Paulo, ocorrido recentemente, foi mais um episódio chocante de violência, mas, lamentavelmente, para nós que não estivemos envolvidos diretamente nessa situação, cairá no esquecimento rapidamente. Porém, não deveríamos esquecer, pois somos, TODOS, responsáveis. Com isso, não quero dizer que deveríamos sair crucificando as escolas, os pais, as cidades, o estado e a união. Mas, insisto, somos TODOS responsáveis e, como me considero parte do problema, considero-me também parte da solução e, assim, trago algumas reflexões.

1. Banalizamos a violência: adolescentes falam entre si, ofendendo um ao outro, como se fosse normal. Os pais, provavelmente ofendem em casa, ou o que é pior, em outros lugares, inclusive nas redes sociais, todos aqueles que discordam deles politicamente. Vão às escolas reclamar e ofender professores, diretores e funcionários. Esses, por sua vez, se veem desautorizados e com medo de serem filmados, de serem cancelados, de serem processados. Como devem chegar nas suas casas?

A violência venceu. Mas, a quem interessa essa vitória?

2. O mundo está diferente. Mas, lamento dizer que sempre foi. Se as mudanças não ocorressem, estaríamos ainda na época das cavernas. Sim, mudanças são difíceis de serem encaradas, entendidas, assimiladas. Pare para pensar: criança não era tratada como tal; mulheres não podiam votar; negros não podiam entrar nos mesmos estabelecimento que os brancos; disputas eram (?) resolvidas em duelos; andávamos de carroça e cavalo...Todas as transformações têm aspectos positivos e negativos. Nenhuma transformação é neutra. Algumas encaramos com mais facilidade, outras não. Essa percepção é diferente de pessoa para pessoa, pois, embora possamos pensar parecidos, somos diferentes, somos únicos.

3. A tecnologia acelerou o processo de transformação e, como a própria, ela não é nem boa nem ruim. O uso dela é que vai determinar as consequências. Contudo, nunca devemos esquecer um dos melhores momentos do filme Matrix (um clássico!), onde as máquinas descobriram que nós, humanos, é que somos o problema. Será que estão erradas? O ser humano é o único ser vivo que, se for eliminado, restaura o planeta. Assustador, não?

4. A busca por certezas (que sempre existiram) e a busca por respostas rápidas (aqui e agora), entre muitas outras coisas, geraram um processo de simplificação e de infantilização, que tem feito com que não tenhamos capacidade efetiva de reflexão sobre as coisas da vida. O mundo é complexo. Os seres humanos são complexos. Sempre foram. Assim, entender a complexidade é parte da solução. Ter a capacidade de analisar os fatos de forma mais profunda e conseguir fazer uma análise, fruto disso, é a condição básica do desenvolvimento, do crescimento.

Retomando o fato que deu origem a esse texto - o ataque do aluno aos professores e alunos na escola de SP. O assunto é muito complexo para sairmos dando soluções rasteiras como colocar policiais da reserva de forma permanente nas escolas. Será que questões complexas serão resolvidas assim? Claro que não podemos cair na armadilha de colocar na complexidade a desculpa para a inação.

Somos responsáveis. Vivemos em um mundo dividido, cheio de ódio. E, se aqueles que verdadeiramente querem um mundo melhor para si e para os que virão, não fizerem nada, o ódio vencerá. Estou verdadeiramente decidido a fazer a minha parte. Mais alguém? 

Max Lacher é publicitário.