Micro Revoluções do Amanhã

Por Mateus Piveta, para Coletiva.net

Como aprender com as provocações sobre um futuro mais próximo da nossa realidade?

Se pensarmos na essência do que está escrito, isso tem a ver com inovação, liderança, pessoas e futurismo, algo que causa uma enorme euforia em plateias cada vez maiores. O que quero provocar aqui é um olhar mais pragmático sobre o hoje e o amanhã com a consciência do que está por vir. Precisamos tomar consciência do que nos impede de iniciar uma micro revolução dentro das empresas, sejam nossas próprias, as que trabalhamos ou nossos clientes. Precisamos encontrar o real motivador para que pessoas tenham atitudes que transformem o negócio e elas mesmas. Não há transformação ou revolução, que seja típica do século 21, sem que esses dois pontos sejam impactados. É nosso papel como agente transformador manter o equilíbrio dessa balança.

Seguindo a narrativa, quero destacar um ponto sobre o título desse texto. Será que está claro para todos o que aprendemos ao olhar para o amanhã?

A resposta para essa questão não é linear e única, mas, uma visão sobre antecipar oportunidades, ameaças, riscos e impedimentos. É poder adequar a rota de acordo com os acontecimentos próximos e não, apenas ou exclusivamente, com o que um futuro longínquo pode nos trazer de novo. Quando digo "não exclusivamente" quero dizer que, sim é muito importante sabermos o que nos aguarda lá adiante, um mundo com presença ampliada de robôs, uso cada vez maior da inteligência artificial, IOT, blockchain e muitas outras tecnologias espalhadas por todos os lados. Tais tecnologias se tornarão tão populares que não falaremos mais delas e é incontestável o efeito que esse futuro já causa nos modelos de negócios de qualquer organização hoje.

Olhar para o amanhã nos provoca a sermos mais pragmáticos e concretos, pois há efeitos em um curto período de tempo, como de um dia para o outro. Tudo pode ser reinventado de um dia para o outro, pelo menos questionado. É disso que estou falando, é esse o sentido de estar olhando para o amanhã e não para o depois de amanhã ou para outra semana. Como também não quero pregar aqui que seja extinguido o planejamento a longo prazo, o pensamento no futuro.

Pelo contrário, compartilho da afirmação feita por Greg Satell, em 3 de novembro de 2016, em um artigo escrito para a Harvard Business Review de que "empresas bem-sucedidas prevalecem por serem capazes de moldar o futuro".

Falta talvez a clareza que o longo prazo de hoje é um ano e não mais cinco ou 10 anos. Outro ponto a ficar claro é que não pretendo afirmar aqui que uma grande transformação do modelo de gestão do século 20 para um modelo mais ágil do século 21 irá acontecer do dia para a noite. Voltando a citar o artigo de Satell (vale a leitura: http://hbrbr.uol.com.br/empresas-de-sucesso/) "quando você constrói capacidade em sua empresa com décadas de antecedência, ser rápido, realmente, não é tão importante". O que o século 21, e as empresas imersas na era exponencial nos provam, é que a velocidade está justamente na geração de novas capacidades e não na entrega de um produto ou serviço. Entregar mais rápido não é necessariamente o critério de sucesso, mas, gerar aprendizados e experimentações em ciclos cada vez menores, é o grande segredo de sucesso para empresas que querem resultados exponenciais.

Para isso, uma transformação de hoje que tenha reflexos no amanhã, deve ser repleta de micro revoluções todos os dias. Por isso, a cada dia paramos e pensamos: Que revolução criamos ontem, qual eu estou fazendo hoje e qual farei amanhã? E da mesma forma, se caso não a tenhamos feito, o que impediu de fazer? Esse é o pensamento do século 21, esse é o mindset ágil e o mindset de crescimento que vem combater o pensamento fixo e as crenças limitantes. Precisamos nos questionar todos os dias. Tudo está acontecendo numa velocidade altíssima. Certa vez li em algum lugar (se alguém ler o meu texto e for o autor, me avise) fazer algo certo por tempo demais pode ser muito perigoso.

Para sintetizar tudo que escrevi até aqui, vou fazer uma lista dos principais pontos fortes ao trabalhar com ciclos curtos, não apenas na gestão de negócios, mas, acredito que para nossa vida:

  1. Devemos olhar para o amanhã, mas, não deixar para fazer amanhã.
  2. Todo dia é um ciclo de experimentação e adaptação que deve gerar aprendizado e melhoria contínua;
  3. Crie suas próprias Micro Revoluções, elas trazem pequenas vitórias ao processo de transformação e motivam o progresso de qualquer projeto;
  4. Não vire escravo e não torne os demais escravos de processos e ferramentas. Aprenda a cada dia como criar uma experiência melhor.
  5. O foco deve ser no que pode gerar maior valor. Apenas com testes rápidos você saberá o potencial de uma iniciativa. Tenha em mente começar com algo que apresente menos risco, menor esforço e seja capaz de gerar alto impacto nos resultados traçados.
  6. Tenha um tempo para aprender e gerir o seu aprendizado. De nada adianta estar sempre repleto de tarefas e não planejar o próximo passo, entender os pequenos resultados e transformá-los em conhecimento irá garantir o sucesso das próximas etapas.
  7. Faça seu "backlog" para que nada se perca ao longo do caminho, você verá que isso pode fazer uma grande diferença no futuro. Pontue seus aprendizados, suas atividades e seus resultados. Existem diversas ferramentas espalhadas por ai, pode ser uma planilha de Excel, o Trello, ou outros tantos. Não importa qual, desde que seja útil para você e quem mais estiver com você.

Muita coisa escrita aqui pode ser básico para uns e novidades para outros. Mas, deve ser provocativo para todos. Eu mesmo deixei alguns desses aprendizados de lado em alguns projetos e aprendi com isso, admiti o erro e busquei evoluir. Com certeza em algum momento vou ler esse texto e ver que outros pontos apareceram. O óbvio é que não podemos mais seguir fazendo o que sempre fizemos. Precisamos entender que Futurismo é diferente do Amanhã. Futurismo é guia, o Amanhã é ação, é resultado. Compreender das inovações, investir em P&D são e sempre serão fatores importantes para qualquer organização. O que causa a maior dor e sofrimento de diversas empresas pelo mundo é sincronizar a gestão do dia a dia, da rotina, com a inovação tão desejada e esperada e que seja capaz de leva-las até o cenário futuro e desejado, repleto de sucesso e protagonismo.

Não há como retroceder, não temos opção que nos levem de volta no tempo, sabemos bem o futuro que nos aguarda. O que precisamos entender é que essas duas raias, Presente e Futuro, andam em paralelo em empresas exponenciais. Deveremos ter a maturidade e as capacidades necessárias para poder dar atenção às duas de maneira equilibrada para garantir o hoje, o amanhã e o futuro de nossos negócios.

Mateus Piveta é publicitário e sócio da consultoria Surya, Gestão para um mundo digital.

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