Autora de 'Todo Dia a Mesma Noite', Daniela Arbex diz: "Eu não abandono a minha pauta"

Jornalista, que chegou dia 30 a Porto Alegre, remarcou três vezes a passagem de volta para Minas Gerais

Daniela Arbex concede entrevista ao SBT RS - Divulgação/Coletiva.net

A jornalista mineira Daniela Arbex chegou a Porto Alegre em 30 de novembro, para acompanhar o início do julgamento da Boate Kiss. Autora do livro 'Todo Dia a Mesma Noite', que será minissérie na Netflix, ela se considera quase uma gaúcha, tamanha proximidade e intimidade que criou com os familiares das vítimas do incêndio. Ela tem estado ao lado dos pais e dos sobreviventes ao longo desses sete dias de júri. Era para ter voltado a Minas Gerais no sábado, mas confessou em entrevista ao portal Coletiva.net que é difícil ir embora: "ainda nem avisei meu marido. Tô com medo de falar. Mas ele disse que está tranquilo lá"- ele ficou cuidando do filho do casal-, contou em tom de brincadeira. 

O laço com as famílias

Cerca de 50 familiares se deslocaram de Santa Maria a Porto Alegre para acompanhar o julgamento, que acontece no Foro Central I. "É difícil para eles estarem aqui, é um esforço. Todos estão se superando. Não a dor porque a dor deles é insuperável, superando suas emoções para estarem aqui, para honrar a memória de seus filhos. Uma mãe nunca abre mão do seu filho, nem depois da morte", ressaltou Daniela. 

Em todas as entrevistas que concede aos veículos de Comunicação, ela sempre frisa a importância de não deixar o caso do incêndio na Boate Kiss cair no esquecimento. "Os pais estão lutando pelos seus filhos, lutando para que as pessoas que contribuíram para que a noite do dia 27 de janeiro de 2013 não terminasse para 242 jovens sejam responsabilizadas", concluiu. 

Papel da imprensa

"Acho que faz parte do nosso ofício dar visibilidade para temas importantes e pungentes. Pena que a Imprensa não possa fazer isso com mais frequência. Nossas coberturas têm prazo, tem datas, e aí vejo uma vantagem do meu trabalho porque eu não tenho prazo, porque um livro é atemporal", comentou a jornalista que complementou: "essa é outra característica do meu trabalho, não abandonar uma pauta". 

Daniela afirmou que é papel da Imprensa colocar luz sobre esse tema. É hora de discutir questões necessárias para o País e de dar um recado claro para a sociedade brasileira que essa cultura de impunidade precisa terminar. "Que a gente não pode esperar nove anos para que haja uma responsabilização em relação a um crime, que envolveu 242 vítimas e feriu 636 pessoas." 

Justiça

Para Daniela, o Judiciário deve há muito tempo uma resposta e ela precisa ser dada. "Eu tenho esperança. E essas famílias também. Espero que elas não saiam decepcionadas daqui e que elas encontrem o que vieram buscar", finalizou a jornalista. 

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