A incerteza da economia está associada à incerteza da política

Partindo de um cenário positivo, a expectativa da economia em 2018 é de recuperação, considerando o desempenho de cada segmento. A inflação é o grande termômetro que inclui os fatores de avaliação de uma política instável e em período em que se tem um processo eleitoral em curso.

Economia e política são como um círculo vicioso: um interfere diretamente no outro. E, quando se pensa em política, deve-se pensar no macro e no micro. Tanto nas decisões governamentais, quanto nas decisões políticas individuais.

As decisões individuais do consumidor e do eleitor são motivadas pelo efeito manada: uma tendência que é seguida por muitos. Se há confiança, há uma tendência, uma racionalidade e, se não há confiança, há uma volatilidade.

Do ponto de vista econômico, o consumidor apresenta índices de confiança ainda céticos, mas com expectativa de melhorias. Espera que haja mais ofertas de empregos e redução de preços, o que os motivaria ao consumo. E a ampliação do consumo motiva os investimentos.

É um momento de rupturas, há grande incerteza na política. O ano de 2018 pode ser comparado ao de 1989. E, como naquela época, o debate econômico é o grande anseio do eleitor. O eleitor almeja por estabilidade econômica e postos de trabalho. Mas não percebe pré-candidatos com potencial político para tanto. O eleitorado nacional está dividido em quatro grandes grupos:

- Os que tendem a se alienar (brancos, nulos e abstenções) em maior número do que eleições anteriores;

- Os eleitores de Lula, que mostram gratidão pelos programas sociais (mas não transferirão o seu voto para outro candidato do PT);

- Os eleitores de Bolsonaro, que são motivados pela moralidade e pelo tema da segurança pública;

- E os eleitores que estão em busca de um 'Salvador da Pátria', que tenha a capacidade de resolver os principais problemas do País.

O primeiro semestre de 2018 será de muitas incertezas políticas e econômicas. O tempo da política ocorrerá quando a campanha for efetivamente deflagrada e os candidatos se apresentarem, possibilitando avaliações de tendências mais concretas.

Autor
Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO - Instituto Pesquisas de Opinião em 1996 e tem a ciência como vocação e formação. Socióloga (MTB 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e tem especialização em Ciência Política pela mesma instituição. Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Elis é conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) e Conselheira de Desburocratização e Empreendedorismo no Governo do Rio Grande do Sul. Coordenou a execução da pesquisa EPICOVID-19 no Estado. Tem coluna publicada semanalmente em vários portais de notícias e jornais do RS. E-mail para contato: [email protected]

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