"Quella dei Borgia"

Por José Antônio Moraes de Oliveira

"Nunca odeie seus inimigos.

Isso afeta seu julgamento."

 Mario Puzo, "The Godfather".

 

***

Poucas famílias da História mereceram mais espaço nas lendas, no cinema e na literatura do que os Borgias da Renascença italiana. Sua notoriedade é creditada ao carisma da figura de Cesare Borgia, o feroz condottiere que inspirou Nicòllo Machiavelli em seus ensaios políticos em O Príncipe. Mas caberia a seu pai, Rodrigo, Cardeal Bórgia - e depois Papa Alexandre VI - se transformar em um dos mais bem acabados entre os personagens da História seduzidos pelo poder absoluto.

Mais tarde, o escritor Mario Puzo debruçou-se no tema e nos deu dois fenômenos de ficção histórica: Os Borgias e a trilogia The Godfather. Então, entra em cena outro ítalo-americano genial - Francis Ford Coppola, que filma a trilogia e a transformou em um clássico do cinema e que já rendeu 300 milhões de dólares.

Tanto Machiavelli como Puzo vislumbraram em Rodrigo Borgia um personagem-exemplo de como o poder absoluto é capaz de corromper absolutamente. Somando ingredientes de corrupção, incesto, orgias, assassinatos e tramas políticas engendradas no Palácio Apostólico, chega-se à receita perfeita do sucesso de folhetins baratos e ficção de qualidade.

Assim, nos últimos 300 ou 400 anos, historiadores, romancistas, roteiristas e mangas japoneses contaram e recontaram as vidas e façanhas de Rodrigo, Cesare, Della Rovere e Lucrecia. Até mesmo Alexandre Dumas, criador de preciosas crônicas da história da França sucumbiu aos encantos dos vilões italianos. Em 1841, ele compila em oito volumes a coletâna Crimes Célebres, onde faz desfilar alguns dos maiores vilões da Europa, como a familia Cenci, Maria Stuart, Joachim-Napoléon Murat e com certeza, a família Borgia.

***

A versão de Dumas Pére dosa tudo o que se espera em um romance histórico. Entretanto, ele sabe contar com inegável talento e preciosa descrição de personagens a ascenção de Rodrigo Borgia ao papado e suas intrincadas manipulações de poder. Mesmo considerando que Dumas era um francês do século XIX escrevendo sobre uma família italiana de século XVI, ele nos entrega uma crônica exemplar de como as maquinações políticas de um Papa poderoso conseguiram mudar o mapa de reinos, ducados e repúblicas.

E foi um descendente de napolitanos pobres, o ítalo-americano Mario Puzo, quem voltou a dissecar a anatomia do poder exercido pelos Borgias com grande criatividade. Perguntado quem eram os Bórgias, ele resumiu:

" Foi a primeira familia mafiosa da História".

Algumas das citações que ele coloca na boca de Don Corleone bem que poderiam ter sido pronunciadas por Rodrigo Borgia:

"Família é tudo. Família e amizade são mais fortes do que o talento. Mais poderosas do que o governo. Podem tudo". 

Ou ainda, algo mais adequado a um Cesare Borgia: 

"Mantenha seus amigos por perto.

E seus inimigos, mais perto ainda.

Mas nunca permita que eles saibam

o que você está pensando".

***

Renascimento italiano, mas sua exatidão histórica - no caso da história uma escrito por um evidente em votos generosamente comprado - para Cesare Borgia morreram durante o cerco de Viana, através de casamentos de Lucretia.

Tenha em mente que isso não é por si só um romance histórico: há uma linha narrativa que delineia uma história, os eventos são empacotados e armazenados como em um ensaio. Pela mesma razão, não se pode falar de 'personagens': cada figura histórica é descrita e esboçou o exterior, e são devolvidos apenas os recursos que os historiadores e, em alguns casos, lendas folclóricas, atribuídos. Os acontecimentos de Borgia também estão lado a lado em capítulos que descrevem brevemente o contexto histórico são encontrados para agir.

É, em última análise, um livro para ler para o lazer, embora seja escrito em uma linguagem é muito simples e fácil de entender, mesmo para aqueles que não têm um conhecimento limitado da histórica Renascimento italiano, mas sua exatidão histórica - no caso da história uma família italiana de século XVI escrito por um autor francês do século XIX - é decididamente confiável como equivocada por três séculos de lama pá em um papa não menos corrupto, criminoso e luxuoso do que outros, uma mulher usada como barganha e conhecido na história como o envenenador dos maridos, e um senhor arrogante especialista na espada e na estratégia onde um número incontável de crimes tem sido dada, incluindo a de seu irmão Juan - Dumas, por sinal, erroneamente apelidado de 'Francis'.

 

Quella dei Borgia è certamente la famiglia più chiacchierata della storia rinascimentale. La loro fama è dovuta non solo al carisma della figura di Cesare Borgia, il feroce condottiero che ispirò Il Principe di Machiavelli, ma soprattutto alla dissolutezza, presunta o reale, che è stata a lungo attribuita al cardinale Rodrigo (al secolo Papa Alessandro VI) e ai figli Lucrezia e Cesare e che oggi si tende a screditare. Le loro relazioni incestuose, le orge e le bestialità tenute nel Palazzo Apostolico - oltre, naturalmente, agli efferati delitti di cui i membri della famiglia si sono macchiati - hanno tuttavia per secoli ispirato storici e romanzieri, nostrani e d'oltreoceano. Gli ultimi anni, poi, hanno visto nascere una vera e propria moda: basti pensare agli adattamenti a fumetti giapponesi (in italiano ne sono stati tradotti almeno tre, Cantarella, La madonna della ghirlanda e Cesare. Il creatore che ha distrutto), al videogioco Assassin's Creed, o alla recente serie televisiva - poco storicamente accurata, in verità - The Borgias.

Tornando un po' indietro, dal 1839 al 1841, sotto l'influenza dell'amore tipicamente romantico per la storia e i crimini morbosi, il proliferissimo autore Alexandre Dumas padre compilò una raccolta in otto volumi chiamata Delitti Celebri, mai tradotta completamente in italiano. L'opera contiene saggi romanzati su famosi crimini e criminali europei, tra cui la famiglia Cenci, Maria Stuarda, Murat, Ali Pascià e, per l'appunto, la famiglia Borgia.

Basandosi sulle fonti sue contemporaneee, Dumas ricostruisce la storia della famiglia Borgia dall'elezione a papa del cardinale Rodrigo - avvenuta con voti profumatamente acquistati - alla morte di Cesare Borgia durante l'assedio di Viana, passando per i matrimoni di Lucrezia, gli intrighi politici del papato corrotto, la conquista di un'Italia divisa in regni, ducati e repubbliche.

Occorre tenere ben presente che non si tratta di un romanzo storico vero e proprio: non c'è una linea narrativa che delinei una storia, gli avvenimenti sono affastellati e registrati come in un saggio. Per lo stesso motivo, non si può parlare di 'personaggi': ciascuna figura storica viene descritta e abbozzata dall'esterno, e ne sono restituite solo quelle caratteristiche che gli storici e, in alcuni casi, le leggende popolari, le hanno attribuito. Le vicende dei Borgia sono inoltre affiancate a capitoli che descrivono sommariamente il contesto storico in si ritrovano ad agire.

Non si tratta, in definitiva, di un libro da leggere per relax, nonostante sia scritto con un linguaggio piuttosto semplice e sia di facile comprensione anche per chi non ha un'infarinatura storica del Rinascimento italiano, ma la sua accuratezza storica - trattandosi della storia di una famiglia italiana del Cinquecento scritta da un autore francese dell'Ottocento - è decisamente inattendibile in quanto fuorviata da tre secoli di fango spalato addosso a un papa non meno corrotto, lussurioso e delittuoso di altri, a una donna usata come pedina di scambio e passata alla storia come l'avvelenatrice di mariti, e a un arrogante signorotto abile nella spada e nella strategia cui è stato attribuito un numero incalcolabile di delitti, compreso quello del fratello Juan - da Dumas, a proposito, indebitamente ribattezzato 'Francesco'. (less)

Autor
José Antônio Moraes de Oliveira é formado em Jornalismo e Filosofia e tem passagens pelo Jornal A Hora, Jornal do Comércio e Correio do Povo. Trocou o Jornalismo pela Publicidade para produzir anúncios na MPM Propaganda para Ipiranga de Petróleo, Lojas Renner, Embratur e American Airlines. Foi também diretor de Comunicação do Grupo Iochpe e cofundador do CENP, que estabeleceu normas-padrão para as agências de Publicidade. Escreveu o livro 'Entre Dois Verões', com crônicas sobre sua infância e adolescência na fazenda dos avós e na Porto Alegre dos velhos tempos. E-mail para contato: [email protected]

Comentários