A eterna luta da autoaceitação

Por Cris De Luca

Desbravando o Twitter esses dias, li uma conhecida falando das fotos que ela tinha visto de alguns casais numa festa da terrinha nas quais as mulheres estavam super produzidas, com cara de quem se cuidava afu, roupas provocantes e afins, e os homens que estavam com elas com camisetas XG e cara de bêbado parecendo desleixados. Acompanhei o desenrolar dos comentários dela e, por conhecer parte deste pessoal e acompanhar algumas dessas mulheres nas redes sociais, me veio à cabeça mais uma vez de que quanta coisa a gente sofre ou nos prestamos a fazer na vida em função de convenções sociais criadas para nós mulheres. E como isso mexe profundamente na nossa autoestima e na aceitação do nosso corpo.

Outro dia, vi outra conhecida, alta e magra, falando que precisava perder, em menos de um mês, cinco quilos porque queria passar o aniversário dela em forma. Mas que forma é essa? Quem foi que disse que ela ficaria mais bonita com alguns quilos a menos? O que será que a estava incomodando? Foi um médico ou uma nutricionista que por questões de saúde indicou a dieta ou foi só porque ela colocou na cabeça que tinha que ter 20% de gordura corporal apenas? E assim como ela, vejo várias por aí que estão praticamente pele e osso e que tem uma rotina insana de alimentação e exercícios para perder aqueles dois quilinhos. Será que seria mais interessante fazer dieta ou terapia?

Acho que já comentei por aqui alguma vez que desde novinha eu aprendi a aceitar o meu biotipo porque, caso contrário, eu iria surtar e ter alguns ou vários problemas alimentares e de autoestima. Já fui mais magra? Sim, já fui. E me gostava mais naquela época do que agora ou era mais feliz? Garanto que não. Tenho visto muitas meninas/mulheres abrindo o jogo quanto a isso: a aceitação do próprio corpo e como isso faz bem tanto para a saúde física como para a saúde mental. Isso quer dizer que elas deixam de cuidar da alimentação e de fazer exercícios? Claro que não. Quer dizer que ela não querem emagrecer? Também não.

Saber qual o teu biotipo, entender que se tu tens coxa grossa e quadril largo desde pequena, que tu nunca vais ter medidas de modelo de passarela internacional dos anos 1990 (hoje até já temos modelos maravilhosas com coxão e peitão por aí) e aceitá-lo, ajuda a olhar para o espelho de forma mais natural, sem se importar com uma dobrinha a mais ali ou aqui. Muda até mesmo a forma da gente se vestir. Em vez de esconder tudo, a gente passa a querer mostrar que, sim, podemos usar esse ou aquele tipo de roupa e ninguém tem nada a ver com isso. Mas, acho que neste processo o principal de tudo é se cercar de pessoas que possam te dar suporte emocional para encará-lo de frente. Inclusive, dar uma olhada nas pessoas que você segue na rede social e que podem te desestabilizar quanto a tua imagem.

É uma luta eterna e contínua. Num dia tu estás pleníssima se amando e querendo mostrar isso para todo mundo e no outro tu não quer mostrar nem a ponta do nariz porque está se sentindo a última das mortais. Faz parte. Não é fácil. A sociedade exige, a família cobra, os olhares dos outros reprovam. F****-se eles! Ninguém paga nossos boletos e nossa paz de espírito. Temos que nos amar mais! Agora e sempre.

É a melhor coisa que podemos fazer nos dias de hoje quando as pessoas tendem mais a julgar do que a admirar as outras.

Autor
Jornalista, formada pela Universidade Federal de Santa Catarina, especialista em Marketing e mestre em Comunicação - e futura relações-públicas. Possui experiência em assessoria de imprensa, comunicação corporativa, produção de conteúdo e relacionamento. Apaixonada por Marketing de Influência, também integra a diretoria da ABRP RS/SC e é professora visitante na Unisinos e no Senac RS.

Comentários