As aulas que a vida dá

Por Grazi Araujo

O jornalismo nos dá presentes quase que diários. E outros, por acaso e que guardamos para a vida. Há exatos 30 dias à frente da comunicação da Casa Civil, com um mundo totalmente novo e desafiador, tive um dos tantos encontros que rendeu uma coluna especial, como esta de hoje. Armando Burd - ou apenas Burd, para os íntimos -, me deu uma aula de jornalismo. Que sorte a minha em, ao longo destes anos de profissão, cruzar com mestres e personalidades deste tamanho. Affonso Ritter, Fernando Albrecht, Políbio Braga, Rosane de Oliveira, Giane Guerra, a eterna Bela Hammes, entre tantos outros que tive a grata satisfação em aprender demais. E sigo aprendendo.

Tenho procurado ser mais ouvinte quando fico perto de pessoas assim. Eu, que falo pelos cotovelos, fico tentando ouvir e absorver um pouco do conhecimento destes profissionais tão especiais e respeitados do nosso jornalismo. Não há teoria que supere estes exemplos de vida, não há autores que expliquem o dia a dia das pautas e nem memória como a das situações vividas e contadas pessoalmente.

Foi numa dessas conversas que descobri que o primeiro assessor de comunicação da Casa Civil, ou melhor, quem implantou a assessoria no 1º andar do Palácio Piratini, foi o Burd, nos anos 1990. Ele, sentado ao meu lado, numa dessas poltronas que colecionam histórias de décadas, me disse na maior simplicidade. Com um olhar de orgulhoso, fitava o lustre do gabinete como se estivesse visitando o passado. Coincidência ou não, Políbio Braga era o então chefe da Casa Civil.

Enquanto ouvia, dava vontade de anotar tudo. Ainda bem que o jornalismo me ensinou a absorver na memória coisas importantes. Não satisfeito, ainda me diz assim: "Tenho o costume de visitar minhas fontes. Gosto da notícia que não está estampada nas capas". Então, sentamos para uma conversa informal com o secretário adjunto, Bruno Pinto de Freitas, para uma apresentação de cinco minutos, não mais que isso. E dali saiu o quê? Uma nota, uma pauta, uma sensibilidade ímpar de quem não está na profissão por acaso.

Jornalismo não nos deixa com a conta bancária cheia de números antes da vírgula, mas nos enche de orgulho em colecionar boas histórias. Esta é apenas mais uma de um dia agitado de trabalho, mas que faz tudo ter mais sentido e traz a certeza de ter feito a escolha certa.

Autor
Grazielle Corrêa de Araujo é formada em Jornalismo, pela Unisinos, tem MBA em Comunicação Eleitoral e Marketing Político, na Estácio de Sá, pós-graduação em Marketing de Serviços, pela ESPM, e MBA em Propaganda, Marketing e Comunicação Integrada, pela Cândido Mendes. Atualmente orienta a comunicação da bancada municipal do Novo na Câmara dos Vereadores, assessorando os vereadores Felipe Camozzato e Mari Pimentel, além de atuar na redação da Casa. Também responde pela Comunicação Social da Sociedade de Cardiologia do RS (Socergs) e da Associação Gaúcha para Desenvolvimento do Varejo (AGV). Nos últimos dois anos, esteve à frente da Comunicação Social na Casa Civil do Rio Grande do Sul. Tem o site www.graziaraujo.com

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