A percepção da sociedade sobre as redes sociais

Por Elis Radmann

É inegável que a internet e as redes sociais estão atuando como agentes transformadores do comportamento social. Há uma alteração comportamental em curso! Estamos no meio de uma revolução digital que altera o nosso modus operandi, altera os nossos valores e influencia em nossas práticas cotidianas.

Temos muito mais informação, sabemos instantaneamente o que acontece e também nos expomos mais. Pesquisamos uma informação em uma rede e em seguida passamos a ser "pesquisados" pelo sistema, que avalia integralmente nossas práticas digitais: onde clicamos, aonde vamos, o aplicativo que usamos, se compramos algo e quais são os nossos sonhos ou, pelo menos, os sonhos que constituímos a partir de nossas publicações nas redes sociais.

Se estamos sendo objetos desse processo de transformação tecnológica, a grande pergunta é como a sociedade gaúcha percebe os impactos causados pelas redes sociais. Diante desta inquietação, o IPO - Instituto Pesquisas de Opinião aplicou a seguinte pergunta, a uma amostra representativa do Rio Grande do Sul: Em sua opinião, o impacto causado pelas redes sociais na sociedade é mais positivo ou mais negativo?

- Mais positivo = 47,6%

- Mais negativo = 37,8%

- Não sabe avaliar = 14,6%

Quando se analisa a percepção por faixa etária se verifica que há não uma tendência dos mais jovens pensarem de uma forma e dos mais velhos de outra. Quem tem entre 25 a 34 anos percebe o impacto das redes sociais de forma mais positiva (64,2%), são pessoas com mais autonomia, que mantém um comportamento mais individualista e tem as redes sociais como aliada. Já os que têm entre 18 e 24 anos e nasceram com um contato mais intenso com a internet, apresentam uma percepção negativa acima da média (40,8%) e, por já conhecerem bem as redes sociais e estarem em uma fase de descoberta, valorizam experiências que favoreçam o contato pessoal.

A pesquisa investigou o motivo pelo qual o entrevistado mantém determinada percepção sobre o impacto das redes sociais.

Dentre os 47,6% que declararam que o impacto das redes sociais é mais positivo, verificou-se os seguintes argumentos: para 57,0% as redes permitem a atualização da informação, 18,0% argumentam que conecta as pessoas e 6,7% destacam a praticidade. O entretenimento é citado por 3,8% dos entrevistados.

Dentre os 37,8% que avaliam que as redes sociais trazem impactos negativos, mapeou-se os seguintes raciocínios: a maior preocupação (35,4%) é com as notícias falsas, chamadas de fake news, 11,2% avaliam que as redes tiram o tempo das pessoas e criam a distração digital. Sendo que 10,1% afirmam que as pessoas ficam mais individualistas e 6,3% reclamam de golpes e fraudes pela internet. Para 5,3%, as redes sociais estimulam a violência, associada à agressão verbal, 4,2% acreditam que há muita bobagem e publicações desnecessárias e 3,6% destacam a exposição demasiada das pessoas.

As redes sociais nos propiciam a informação atualizada de nossos amigos e familiares e sobre o que acontece em nossa cidade, nosso país e no mundo. Toda essa informação está disponível na palma da nossa mão em qualquer local que tenha sinal de internet.

Mas as redes sociais também nos "roubam" o tempo, nos tornam mais individualistas, nos passam informações falsas e estrategicamente montadas para nos enganar e, em alguns casos, nos fazem vítimas de crimes cibernéticos.

O grande segredo é termos a consciência de que a internet e as redes sociais são ferramentas que devem nos auxiliar e não devem nos governar.

Autor
Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO - Instituto Pesquisas de Opinião em 1996 e tem a ciência como vocação e formação. Socióloga (MTB 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e tem especialização em Ciência Política pela mesma instituição. Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Elis é conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) e Conselheira de Desburocratização e Empreendedorismo no Governo do Rio Grande do Sul. Coordenou a execução da pesquisa EPICOVID-19 no Estado. Tem coluna publicada semanalmente em vários portais de notícias e jornais do RS. E-mail para contato: [email protected]

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