As Lobas de Wall Street

 

As Golpistas, de 2019, é baseado em acontecimentos reais e poderia, sem exageros, se chamar "As Lobas de Wall Street". Enquanto o clássico de Martin Scorsese nos mostra a ascensão de um corretor do mercado financeiro durante os anos de especulação e abuso, "As Golpistas" mostra o outro lado da mesma moeda: mulheres que orbitavam esse sistema, mas nunca foram autorizadas a fazer parte dele.

Dirigido por Lorene Scafaria, a premissa do filme é baseada em uma reportagem publicada em 2015 pela New York Magazine. Ali, vemos a história de um grupo de dançarinas de striptease que, depois da crise financeira de 2008, começa a aplicar golpes em seus antigos clientes. Banqueiros, investidores e executivos? qualquer um que frequentasse a boate quando o dinheiro corria solto. A queda do sistema os atinge, mas também empurra essas mulheres para fora da única "fonte de renda" que tinham. O esquema de golpes nasce da desigualdade e da vingança.

A protagonista é Destiny, vivida por Constance Wu, uma jovem imigrante tentando sustentar a avó e encontrar um lugar no mundo. Ela encontra em Ramona, personagem que é feita brilhantemente por Jennifer Lopez, uma mentora e parceira de negócios que conhece o jogo e os caminhos de como manipulá-lo. As duas se juntam não pelo crime, mas pela sobrevivência. Se em "O Lobo de Wall Street" o excesso é uma celebração do poder masculino branco, em "As Golpistas" ele se converte em crítica social e gesto de resistência.

Jennifer Lopez, aliás, entrega uma atuação que rendeu elogios e prêmios da crítica, interpretando Ramona com dureza e sedução, mas também com um senso afiado de estratégia. O elenco ainda conta com Julia Stiles e Lizzo. A direção vai numa linha que evita a objetificação comum em filmes com essa ambientação. Ao contrário, em muitas cenas a câmera se alinha às personagens, e não aos olhos do público masculino. Essa também é uma cisão entre "As Golpistas" e o filme de Scorsese.

O longa foi filmado em Nova York e mistura cenas cronológicas com entrevistas - também encenadas - e flashbacks. A estrutura narrativa ajuda a desenhar camadas nas protagonistas e na lógica dos golpes, que se tornam, de certa forma, uma resposta direta ao mesmo universo que enriqueceu Jordan Belfort.

"As Golpistas" não é um filme sobre vilãs. É um filme sobre o custo de ser mulher em um sistema construído para favorecer os homens. Onde "O Lobo de Wall Street" vê conquista, "As Golpistas" enxerga exclusão. Ambos os filmes falam do colapso de 2008, mas só um escuta quem estava dançando em volta do cassino financeiro. E se o lobo uivava alto, as lobas agiram quietas.

Com Claro Multi são 600 mega de banda larga com Wi-Fi pra atender a casa inteira, além de 60 giga no celular pra navegar com o 5G mais rápido do Brasil por apenas R$159,90 por mês. E já vem com Globoplay pra tu curtir, além deste, outros títulos de altíssima qualidade. Ligue para 0800-720-1234, vá até uma loja ou assine pelo site.