Assessorados de primeira viagem

Por Grazielle Araujo

23/01/2019 17:14

Neste ano, mais da metade dos gabinetes da Assembleia Legislativa serão ocupados por novos deputados. Grande parte nunca teve assessoria de comunicação. Neste momento, misturam-se oportunidades, experiências e confiança de quem chega para somar e compartilhar os aprendizados deste novo ciclo.

Como de praxe, sempre prefiro acreditar que em tudo na vida a gente encontra um lado bom. Não estarei vivendo isso para constatar as verdades e minhas percepções de mera espectadora. Mas vejo este momento, para os colegas que assumem, como algo verdadeiramente especial e desafiador, acima de tudo. Vou querer saber deles como será essa rotina, nada que umas tardes de plenário e de votações estendidas não rendam boas conversas.

A partir do dia 1º de fevereiro, começa ? valendo ? a hora da troca entre o assessor e o assessorado, do chega mais, do me conta um pouco de ti que eu vou falar de ti para outras pessoas. A gente precisa conhecer o jeito, as qualidades e os defeitos, as crenças, os medos, os anseios. É o momento de ensinar e aprender, de bater as cabeças, construir uma história que vai durar, no mínimo, quatro anos. De cumplicidade, sem melindre ou querer parecer o que não é.

Terão momentos de lapidar, de moldar, de testar. Aqui entra a importância do media training, de calcular o risco, de acordar o momento certo de falar e, claro, sobre o que falar. Um frio bom na barriga quando a gente vê que o esforço é mútuo e o resultado vai dar certo. Faz parte da construção de um perfil que vai sustentar a imagem ao longo da trajetória.

Outro ponto que cabe destacar é que o assessorado precisa saber quem são os jornalistas, quais veículos eles representam, qual a linha editorial de cada um deles. O dia a dia, os prazos, as pautas. A relação começa a se estabelecer a partir daí, encurtando as distâncias. Respeito, conhecimento e reconhecimento. Jornalistas são peritos em provocar, instigar... mas também sabem reconhecer boas fontes, gente que fala a verdade e que sabe criar pautas de interesse. É preciso despertar esse tino de notícia, de factual, de opinião. O assessorado precisa falar o que pensa para o assessor, se prefere ser protagonista ou ficar de coadjuvante. E então, o trabalho já pode começar.