Durante parte da minha adolescência e da minha juventude, convivi com expressões e termos como liberdade de expressão e democracia fazendo contraponto a censura e ditadura. Obviamente, defendia as duas primeiras e combatia, sem uso da violência, as outras duas.

O tempo passou e, de certa forma, a liberdade e a democracia vingaram com o fim do regime militar e com a Constituição de 1988, embora carentes de leis complementares e, às vezes, de sua aplicação efetiva.

Curioso como as coisas se transformaram. Hoje, muitos saudosos do regime de exceção, juntamente com outros, que não chegaram a conhecê-lo, fazem uma confusão danada na hora de defender os dois princípios.

Não é tão incomum pessoas afirmarem que estão vivendo sob uma ditadura por não poderem defender a adoção de uma ditadura. Da mesma forma, dizem que são privadas da liberdade de expressão.

Insisto: a liberdade de expressão é sagrada e fundamental em qualquer democracia. Mas isso não tem nada a ver com pregações de ódio, divulgação de fake News, manifestações de preconceitos e intolerâncias, enfim, com uma suposta liberdade que tem por finalidade justamente atacar a real liberdade.

Por falar em confusão, outro dia um amigo comparou as manifestações pelas "Diretas Já" com os acontecimentos de 8 de janeiro de 2023. Disse a ele que são fatos bem opostos: na Campanha das "Diretas Já", usava-se a ética e o bom senso para pedir a democracia, que foi atacada de forma criminosa e violenta no 8 de janeiro.