Cuidado: geminiana em período de inferno astral

Por Márcia Martins

15/05/2019 15:38 / Atualizado em 15/05/2019 11:01

Mantenha distância sob todos os aspectos. Evite me contrariar. Compreenda com delicadeza as minhas ponderações, mesmo as mais absurdas. Concorde com as opções que irei lhe oferecer e com as teses e teorias que apresentarei. Aceite as alternativas de lazer que apontarei, ainda que algumas possam ser meros programas chatos e bregas. Não me deixe nervosa. Não discuta comigo. Mesmo que você tenha a mais absoluta razão, por favor, em nome de tudo que é mais sagrado, desvie do tema e mude de assunto. Lembre-se: quem avisa amigo é. Esta colunista encontra-se em período conturbado e perigoso de inferno astral e tudo pode acontecer.

Para os leitores e leitoras sem conhecimento nenhum de astrologia (por que ninguém é obrigado, certo?) informo que o tal inferno astral consiste nos 30 dias anteriores à data do nascimento do vivente. E, como faço aniversário em 9 de junho, anotem aí na agenda para mandar felicidades, flores, um abraço, um presentinho (quem sabe?), desde 10 de maio vivo mergulhada nesta fase de trevas e de escuridão. Quando tudo pode dar errado. E realmente dá. Não é mentira. Diz o dito popular que, nestes dias anteriores à data de aniversário, a pessoa esbanja sensibilidade e, justamente por isso, parece que tudo conspira contra o aniversariante.

Se o inferno astral é realmente (perdão pela repetição de palavras) um inferno para os simples mortais, imaginem para uma geminiana legítima e que transpira este signo por todos os poros. Com ascendentes, descendentes, antepassados, sol, lua e planeta tudo em gêmeos. São dias sombrios, com um somatório de energias negativas, que parecem estavam sempre ali, apenas a esperar uma oportunidade, e surgem do nada e se espalham e me invadem. Energias do mal que me tornam mais sensível (céus, se é que isto é possível), sem força, sem disposição, mergulhada numa etapa de pouca sorte (não sou doida de usar o termo certo) e quando tudo vem carregado de mau agouro.

Por conta destas energias ruins ou da minha hipersensibilidade, desde 10 de maio, aconselho familiares, amigos e colegas a manter distância regulamentar. Ando até pensando em usar umas placas de advertência com dizeres como ?estou em obras para melhor atendê-los? ou ?evite contato, pessoa em quarentena? ou ?perigo, afaste-se?.  Depois não reclamem que eu não os avisei. Minha sensibilidade alcança o seu estágio máximo. Se alguém falar que eu sou boba, feia e xexelenta, capaz de cair em pranto profundo. Qualquer dor é irremediável, todo problema é insolúvel, aquela cicatriz do amor mal terminado volta a machucar e não vejo nenhuma luz no fim do túnel.

Não é bobagem não. Os telefonemas de telemarketing nunca foram tão insistentes. O funcionário da loja de departamentos jura por Deus que eu não paguei a conta de 2017. A quina da cama que está no mesmo lugar há no mínimo 12 anos resolveu encontrar o meu pé todos os dias de manhã. O sono não tem sido meu companheiro constante nem mesmo com os remédios rosinhas que sempre fizeram efeito. A enxaqueca aparece toda noite. A conta bancária nunca esteve tão negativa. E até choveu dentro do apartamento no sexto andar do prédio na última chuva torrencial. Não preciso narrar mais encrencas ou situações constrangedoras para demonstrar que o tal inferno astral existe e que estou totalmente atolada nele. Os fatos atestam.