Deve-se sorrir porque o sorriso é a única cauda que temos.
Deve-se dar risada para não ser solene. Dá uma trabalheira danada engomar atitudes ou fazer vinco no entusiasmo.
Deve-se gargalhar porque não existe eco melhor no vale de lágrimas.
Deve-se achar graça a qualquer preço, sobretudo porque a carestia impede que a graça vá de orelha a orelha.
Deve-se rir sem motivo porque nada é tão motivacional.
Deve-se aproveitar tudo que restou de engraçado neste mundo, ou até do outro.
Deve-se rir de si mesmo, para evitar sair do sério.
Deve-se soltar gaitadas pelo simples fato que é mais fácil que tocar sanfonas e acordeões.
Deve-se estocar risos para os tempos de piadas magras.
Deve-se buscar o risível porque de outra forma ele passa pela gente sem nos reconhecer.
Deve-se rir antes de dormir para acordar, quem sabe, com vestígios dele na cara.
Deve-se rir porque as desgraças vêm e vão, vêm em vão, vêm nos vãos, vêm nos vaus, vêm em vans. Elas vêm nos ver, e, um dia, ficam.
Etc.