É preciso repensar as estratégias

Por Renato Dornelles

A chamada "guerra às drogas" provoca nova uma "guerra das drogas" e deixa dezenas de mortos e feridos no Rio de Janeiro. Até o momento em que eu escrevia essa coluna, já eram 64 em uma operação de combate ao Comando Vermelho. Entre as vítimas, quatro policiais.

Antes de mais nada, me antecedo a qualquer julgamento precipitado e esclareço que não estou me opondo ao combate ao tráfico. Mas sim à maneira como ele costuma ser executado, principalmente nas favelas do Rio, que faz com que a "guerra às drogas" se transforme em "guerra das drogas".

Por maior que seja o aparato das forças de segurança, as incursões policiais normalmente provocam baixas dos três lados: entre os traficantes, entre os policiais e nas comunidades, com pessoas atingidas por balas perdidas.

Situações como essa dificilmente deixarão de ocorrer enquanto nessa chamada "guerra às drogas" não houver um trabalho maior em inteligência e investigação, além, é claro, de investimentos em outras áreas que poderão contribuir com o combate ao crime, como educação, por exemplo.

Além do mais, em uma análise mais profunda, levando-se em consideração um período bem maior de tempo, podemos concluir que esse tipo de ação tem sido paliativo, uma vez que desde os anos 80, ou seja, há 40 anos, já foi executado inúmeras vezes e o tráfico de drogas segue forte.

Autor
Jornalista, escritor, roteirista, produtor, sócio-diretor da editora/produtora Falange Produções, é formado em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) (1986), com especialização em Cinema e Linguagem Audiovisual pela Universidade Estácio de Sá (2021). No Jornalismo, durante 33 anos atuou como repórter, editor e colunista, tendo recebido cerca de 40 prêmios. No Audiovisual, nos últimos 10 anos atuou em funções de codireção, roteiro e produção. Codirigiu e roteirizou os premiados documentários em longa-metragem 'Central - O Poder das Facções no Maior Presídio do Brasil' e 'Olha Pra Elas', e as séries de TV documentais 'Retratos do Cárcere' e 'Violadas e Segregadas'. Na Literatura, é autor dos livros 'Falange Gaúcha', 'A Cor da Esperança' e, em parceria com Tatiana Sager, 'Paz nas Prisões, Guerra nas Ruas'. E-mail para contato: [email protected]

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