EM DEFESA DAS REDES SOCIAIS

Por Marino Boeira

"As redes sociais deram o direito à palavra a legiões de imbecis que, antes, só falavam nos bares, após um copo de vinho e não causavam nenhum mal para a coletividade",

A citação é de Umberto Eco (1932/2011) o escritor de Em Nome da Rosa, O  Pêndulo de Foucault e O Fascismo Eterno, que a maioria das pessoas conhece apenas pela versão cinematográfica de Em Nome da Rosa, com o super astro Sean Connery vivendo o papel do abade William de Baskerville.

O caráter elitista da frase de Eco se completa com o comentário seguinte: "Nós os fazíamos calar imediatamente, enquanto hoje eles têm o mesmo direito de palavra do que um prêmio Nobel. É a invasão dos imbecis".

Muitos outros intelectuais que se dizem de esquerda, repetem hoje o comentário de Eco, esquecidos que as redes sociais democratizaram o acesso à mídia, antes ao alcance apenas dos grandes veículos de comunicação principalmente a televisão, o rádio e os jornais.

Não é por acaso, que os governos, os tribunais e a grande mídia transformaram as redes sociais em seu maior inimigo.

Se o Facebook está cheio de comentários totalmente dispensáveis e dá realmente acesso à legião de imbecis de que fala Eco em suas postagens ele é um dos poucos meios onde ainda podem ser lidas críticas, não só à direita bolsonarista, mas também à incompetência geral do governo Lula em resolver os grandes problemas nacionais.

Ao pretender segundo diz, evitar as famosas fake news e acabar com os misteriosos, porque deles não se tem nenhuma precisão do que sejam, discursos do ódio, o que atual governo petista e alguns ministros do Supremo pretendem mesmo é atacar a liberdade de expressão em nome de um fantasmagórico Estado Democrático de Direito.

Então, enquanto ainda nos é permitido, vamos usar as redes sociais e especialmente o Facebook, para criticar os três fundamentos do Estado: o Executivo, o Judiciário e Parlamento e seus integrantes.

Autor
Formado em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), foi jornalista nos veículos Última Hora, Revista Manchete, Jornal do Comércio e TV Piratini. Como publicitário, atuou nas agências Standard, Marca, Módulo, MPM e Símbolo. Acumula ainda experiência como professor universitário na área de Comunicação na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e na Universidade do Vale do Rio do Sinos (Unisinos). É autor dos livros 'Raul', 'Crime na Madrugada', 'De Quatro', 'Tudo que Você NÃO Deve Fazer para Ganhar Dinheiro na Propaganda', 'Tudo Começou em 1964', 'Brizola e Eu' e 'Aconteceu em...', que traz crônicas de viagens, publicadas originalmente em Coletiva.net. E-mail para contato: [email protected]

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