Exportando Ignorância, Importando Ditaduras

Por Fernando Puhlmann

05/08/2025 16:12 / Atualizado em 05/08/2025 16:09
Exportando Ignorância, Importando Ditaduras

"Os Estados Unidos não têm amigos; têm interesses."

Henry Kissinger

É engraçado, ou seria trágico? Eu realmente fico em dúvida ao ver a extrema direita brasileira se ajoelhando diante dos Estados Unidos como se estivessem diante de uma divindade democrática. Um povo que mal fala ?good morning?, tentando dar lição de civilização com base no país que mais financiou golpes de Estado no século XX.

Sim, meus caros patriotas de camisa da CBF: os EUA, esse farol da liberdade que vocês tanto idolatram, não só exportaram Coca-Cola e filmes de ação, como também tanques, armas e dinheiro para bancar ditaduras mundo afora. Inclusive aqui, bem aqui, no nosso quintal, durante o Golpe Militar de 64.

Exatamente o que vocês leram. O Brasil, esse país tropical, abençoado por Deus e governado por generais, foi um dos agraciados com essa ?ajuda?. Recebemos esses ?presentinhos?, com muito orgulho cívico-militar, durante o regime que torturou, censurou e matou. Tudo isso para ?nos salvar do comunismo?. Spoiler: o comunismo nunca chegou, mas os porões da ditadura ficaram abarrotados de jovens, mulheres e até crianças.

Agora, apresento a vocês os principais discípulos da ignorância, os herdeiros desse delírio.

O neto do Figueiredo, que acredita que ser parente de ditador é currículo. Deve achar que tortura é herança genética. Fala com a empáfia de quem nunca leu um livro, mas cita o avô como se fosse o Platão de botas.

O Nicolas Ferreira, nosso influencer de extrema-direita versão TikToker. Um garoto propaganda da guerra cultural, com vocabulário limitado, convicções infláveis e uma incrível capacidade de transformar qualquer assunto em ?ameaça comunista?.

E, claro, não podia faltar o clã Bolsonaro ? a ?famílicia? que tentou transformar a democracia em série do Netflix, com direito a milícias corruptas, fake news e um patriarca que sonha em ser Trump, porém só chegou a Ronald McDonald.

Mas há algo que eles não conseguiram destruir ? por mais que tenham tentado: as instituições brasileiras. O Congresso resistiu. O TSE resistiu. E o STF, mesmo com críticas pontuais, foi o último bastião de sanidade num país à beira do abismo.  E no meio disso tudo, um nome virou símbolo: Alexandre de Moraes. O homem que a extrema direita odeia com todas as forças, porque ele teve coragem de fazer o que muitos não ousaram: aplicar a Constituição. Garantir eleições. Proteger jornalistas. Conter milicianos digitais e milicos em TPM.

E quanto mais tentam atacá-lo, mais o fortalecem.

Trump pode até não saber, mas está prestes a criar (sem querer), o juiz mais famoso e respeitado do mundo, justamente por sua firme defesa da democracia, da verdade e das instituições.

A História, aquela que a extrema direita vive tentando reescrever, vai ser implacável. E vai mostrar que, enquanto uns brincavam de golpe, Alexandre segurava a Constituição com as duas mãos.

Enquanto isso, os ?patriotas?, adoradores de cuturno, continuam dizendo que o Brasil é uma bagunça. Esquecem que este país é uma potência cultural e simbólica. Nosso cinema é premiado em Cannes, Berlim, Veneza, Los Angeles. Nossa música é reverenciada em Tóquio, Paris e Nova York. Temos artistas, escritores, cientistas, atletas ? enquanto eles têm... .

No fundo, não é sobre amar os EUA. É sobre odiar o Brasil.

Eles só se apoiam nos gringos para justificar seu desprezo por tudo que é plural, popular e democrático.

Mas fiquem tranquilos. Como diriam os amigos do avô do Paulo: ?Quem for contra, que se retire do país.?

A gente não vai.

Aqui é democracia. Aqui é Brasil.