Gira mundo

Por Vieira da Cunha

Santa Catarina não deixa de surpreender. Agora, uma escola separou os alunos pela cor da pele, dá pra acreditar? Colocou 12 crianças brancas em uma sala e 12 crianças pretas em outra turma. Isso em São João Batista, a menos de 200 quilômetros da capital. O diretor ainda não foi destituído e seria interessante saber o que o santo homenageado pela cidade pensaria disso. Igualmente, seria bom que as autoridades se inspirassem nele - no santo, não no safado -, pois, reconhecido como  um dos principais santos do cristianismo,  é defensor intransigente do arrependimento. 

É hora de invocar São Roque também, ele que foi um peregrino dedicado a assistir aos doentes e hoje é chamado para a cura de epidemias. É que agora, pouco mais de cinco anos depois do primeiro caso de Covid identificado no Brasil, chega a notícia de que foi descoberto um novo tipo de coronavírus capaz de infectar humanos. É muito semelhante ao coronavírus responsável pela epidemia da Covid, que só no Brasil matou mais de 750 mil pessoas. Vale ficar atento e espera-se que não retornemos aos tempos das máscaras, do álcool em gel e do distanciamento social. 

A ser verdade esta má novidade, voltarão a crescer as fake news mundo afora. E não nos enganemos, o tsumani tende a ser pior. As big techs colocam cada vez mais dificuldades em relação à transparência dos fatos.

Ao decidir alterar seu processo de checagem de fatos, a Meta (leia Instagram, Facebook e WhatsApp) se argolou com os propósitos do Donald Trump. Ambos, Zuckerberg e Trump, mais Musk, Bezzos et caterva, querem é desestabilizar as tentativas de colocar ordem no galinheiro virtual, pressionados que estão devido ao posicionamento adotado pela União Europeia e países como o Brasil, que batalham por uma necessária regulação. 

Ao encerrar o sistema de verificação feito com seriedade, em boa parte por instituições independentes, as bigs conseguiram afugentar internautas e aumentar a desconfiança em relação ao que permitem publicar. Imagine-se o que acontecerá se vier um novo coronavírus por aí.

Insisto na tecla em que bato há anos: é preciso combater a escalada atual, em que os bilionários donos das redes sociais têm campo livre para aumentar seu poderio e fazerem delas um oligopólio infame. É visível que todas as ações que executam é na direção de ampliar mais seus poderes. Por enquanto, o mundo assiste da arquibancada, com poucas exceções.  

E não nos enganemos também, tentativa de golpe de estado é crime, sim senhor. O plano arquitetado pelos fracassados não deu certo, mas cometeram crimes, pois a lei é bem clara: é crime tentar abolir o Estado Democrático de Direito assim como "tentar depor, por meio de violência ou grave ameaça, o governo legitimamente constituído". É isso, a tentativa configura o crime, ponto final. O resto é conversinha pra enganar ingênuos.

Por fim, Conclave é um excelente filme cruelmente atual. Falta pouco para a Igreja Católica viver um novo encontro de cardeais para eleger papa. Francisco não merece sofrer tanto.

Autor
José Antonio Vieira da Cunha atuou e dirigiu os principais veículos de Comunicação do Estado, da extinta Folha da Manhã à Coletiva Comunicação e à agência Moove. Entre eles estão a RBS TV, o Coojornal e sua Cooperativa dos Jornalistas de Porto Alegre, da qual foi um dos fundadores e seu primeiro presidente, o Jornal do Povo, de Cachoeira do Sul, a Revista Amanhã e o Correio do Povo, onde foi editor e secretário de Redação. Ainda tem duas passagens importantes na área pública: foi secretário de Comunicação do governo do Estado (1987 a 1989) e presidente da TVE (1995 a 1999). Casado há 50 anos com Eliete Vieira da Cunha, é pai de Rodrigo e Bruno e tem cinco netos. E-mail para contato: [email protected]

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