Gratidão na exaustão na prática

Por Anelise Zanoni

Estou exausta, mas estou grata. É assim que me sinto a cerca de cinco meses para encerrar o ano de 2021. 

São tantos altos e baixos dessa pandemia que, às vezes, nem sei para qual direção estou indo. E tenho certeza de que muita gente está vivendo altos e baixos. Afinal, estamos cansados!

Já tive momentos de muita esperança, com transformações significativas na minha carreira, sucesso em diferentes áreas e viagens incríveis. Mas o saldo geral só me leva a crer que também estou cansada dessa brincadeira.

Neste período de quase dois anos de restrições em diferentes áreas da vida, acompanhei amigos sendo desligados do emprego, outros, entrando em depressão e perdendo pais, mães e irmãos. Cada indivíduo lidando com seus dramas e dores num período talvez inédito. 

Nos últimos meses aperfeiçoei meu talento de equilibrista. Acordo na madrugada para fazer mamadeira, faço reuniões on-line na primeira hora da manhã e ainda de pantufa no pé. Remarco viagens, vou ao mercado e ainda penso nas estratégias da empresa e tento chegar às 7h na academia para ter um tempo pra mim (mesmo que este tempo represente acordar mais cedo). Diante disso tudo, um tumor maligno apareceu lá em casa, no meu marido.

Aí o jogo virou. E a pandemia pareceu pequena diante da correria para cancelar compromissos, agendar exames, chorar escondido e responder os clientes que não receberam o trabalho prometido. Uma vida sem saúde é uma vida sem sentido e é no meio dessa confusão que a gente percebe que viver é para os guerreiros.

E o que faço agora? Agradeço. Pode parecer discurso de auto-ajuda, mas funciona! Comecei a praticar o agradecimento (confesso que não gosto da palavra gratidão porque ficou  na "moda") desde que vi um documentário que contava um pouco sobre a vida de um monge que era considerado o homem mais feliz do mundo. 

De acordo com o documentário "Em Busca do Bem-Estar", disponível na Netflix, a gente precisa agradecer, sim. E sempre! Porque sempre há chance de a vida ser pior. Então, se a gente agradece, reconhece que consegue lidar com aquilo que nos foi entregue. E tudo fica mais leve.

Mesmo no meio desse caos da pandemia, do trabalho atrasado e da doença que apareceu, agradeci. Afinal, a doença foi resolvida com uma cirurgia, os trabalhos foram entregues mesmo atrasados, as viagens estão sendo remarcadas e eu sigo aqui. Viva, cansada, mas grata por ter saúde, trabalho e amor.

E vocês, como estão vivendo neste período?

Autor
[email protected] Mestre e doutora em Comunicação Social, a jornalista é CEO da Way Content Agência da Comunicação, especializada em turismo, gastronomia e estilo de vida, e fundadora do projeto Travelterapia, que divulga destinos, experiências e cria projetos de branded content. Em 2019 foi finalista da categoria Imprensa do Prêmio Nacional de Turismo, promovido pelo Ministério do Turismo. Tem experiência como repórter e editora, e é freelancer de publicações como Viagem Estadão e Veja Comer & Beber. Trabalhou 12 anos na redação do jornal Zero Hora e produziu conteúdos para veículos como Sunday Independent, Hola!, Contigo!, Playboy, Veja, Globo.com e Terra. Também atuou por 10 anos como professora de universidades como Unisinos e ESPM, passando pelos cursos de Jornalismo, Relações Públicas e Produção Fonográfica. Atualmente pesquisa o papel da imprensa no desenvolvimento do turismo e já estudou em países como Irlanda, Espanha, Inglaterra e Estados Unidos.

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