NAZISMO E SIONISMO
Somente depois que a Segunda Guerra terminou é que todo o horror do tratamento que os nazistas alemães impuseram aos dissidentes políticos, deficientes físicos e minorias raciais, principalmente a dos judeus em seus campos de trabalho forçado e extermínio na Europa, se tornou conhecido para o resto do mundo.
Uma análise mais completa do modelo nazista também só ficou disponível para os leitores do Ocidente como nós, alguns anos depois do fim da guerra.
Hoje, se você quiser saber como foi possível o modelo capitalista na Alemanha ter chegado ao seu estágio mais alto de exploração da força de trabalho de populações inteiras, você pode se socorrer da obra clássica de Eric Hobsbawn (1912/ 2012) A Era dos Extremos, principalmente o capítulo O Breve Século XX; a alentada biografia de Hitler, de Ian Kershaw (1943...) e O Império de Hitler de Mark Mazower (1958...). Curiosamente, os dois últimos são professores de História no Reino Unido, como foi também Hobsbawn.
Já o genocídio do povo palestino está diariamente em todos os meios de comunicação e já é objeto de análise de muitos historiadores, boa parte deles judeus. Destaco três deles: Shlomo Sand (1946...), Norman Finkelstein (1953...) e Ilan Pappe (1954...), todos eles professores universitários
Sand, que ainda vive em Israel, escreveu a Invenção do Povo Judeu, onde mostra que os judeus eram povos nômades desde os tempos do Império Romano e que depois da sua diáspora peregrinaram pelo leste da Europa e até no norte da África, vivendo do comércio e da agiotagem, sem se integrarem a nenhuma comunidade local. A idéia de um retorno à antiga terra bíblica, o Sião, foi uma criação do jornalista judeu austríaco Theodor Herzl (1860/ 1904). Durante anos ele buscou encontrar o que chamava de um ?Lar para o povo Judeu?, em áreas dominadas pelo Império Turco na Palestina, na África e até na Patagônia. A escolha pela Palestina Histórica se deu após a Primeira Guerra, quando um acordo entre o banqueiro judeu Barão Rothschild e o chanceler inglês Lord Balfour fez com a Inglaterra, que controlava a região, permitisse que a migração de judeus do leste da Europa para a Palestina se acelerasse, em troca do financiamento do banco à guerra contra a Turquia.
Finkelstein, filho de pais que morreram em Auschwitz.. vive nos Estados Unidos e hoje não tem visto para ingressar em Israel. Em seu livro A Indústria do Holocausto, ele diz que o chamado Holocausto Judeu durante do nazismo, hoje usado para justificar as ações militares de Israel contra os palestinos, só se tornou um instrumento de divulgação da causa sionista, depois da 1967. Até então a passividade dos judeus que sofreram sob os nazistas, não era vista como exemplo positivo pelos grupos terroristas que lutaram pela criação do estado de Israel de armas na mão contra os ingleses, como o Irgun e o Haganah.
Pappe, professor em Exeter no Reino Unido, escreveu mais de um livro sobre Israel, mas é em A Maior Prisão do Mundo, que ele detalha todo o processo de limpeza étnica na Palestina, que começou em 1948 com a divisão da região feita pela ONU e a criação do Estado de Israel. Pappe mostra que o genocídio do povo palestino sempre foi uma meta de todos os governos de Israel e que se tornou mais radical depois da guerra de 1967. Segundo ele, a única divisão entre os governantes sionistas ainda é entre os que acham que Israel deve expulsar ou matar todos os palestinos da sua terra natal e os que defendem a idéia de que deve ser preserva uma minoria de palestinos que justifique a idéia de que Israel não é um estado racista.
Ler esses três livros é uma boa maneira de saber o que acontece realmente na Palestina, o que não é possível se o leitor for orientado apenas pelo que diz a mídia brasileira, quase toda ela cativa do lobby sionista.