Na coluna da semana passada comentei sobre uma resolução esdrúxula, inapropriada e sem noção da presidenta da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, Nádia Gerhard (PL) que trata das vestimentas que serão permitidas dentro do plenário, se a ideia for aprovada. Falei sobre o assunto por julgar que os nobres vereadores e vereadoras têm questões bem mais importantes a serem debatidas para o desenvolvimento e bem-estar da cidade de Porto Alegre do que a roupa usada por parlamentares, assessores, assessoras, servidores e servidores do Legislativo Municipal dentro do plenário da Câmara Municipal.
Existe uma lista imensa de assuntos bem mais relevantes para a capital gaúcha que carecem de atenção dos vereadores e vereadores, uma vez que a cidade tem um vácuo preocupante de políticas públicas em diversos setores. Pois entre tais temas, a preocupação com os pets e os espaços de socialização destes animais que encantam a vida de quem os cuida é fundamental.
E se alguém argumentar que tal tema não é importante desconhece o bem que um pet faz na vida de qualquer humano, os laços que eles propiciam quando seus tutores e tutoras passam a conviver entre si e o quanto os locais para lazer dos animais - ainda escassos em Porto Alegre e sem nenhum regramento e atuação do Poder Municipal - necessitam de um olhar mais atento.
Pensando que os cachorródromos são excelentes pontos de convivência para os pets e seus tutores e tutoras, a vereadora Natasha Ferreira (PT) é autora da lei que cria uma política municipal para os cachorródromos de Porto Alegre. A ideia, segundo a parlamentar, é garantir espaços com cercamento adequado, iluminação eficiente, água potável, lixeiras e placas informativas com as regras de boa convivência. E, principalmente, a manutenção destes locais. "É preciso uma política pública real que assegure que estes espaços sejam bons para todos", afirma Natasha.
Eu, como frequentadora assídua de um cachorródromo na Cidade Baixa desde agosto de 2019, dou meu depoimento de que tais locais necessitam sim de uma política apropriada e concordo com a vereadora de que o bem-estar animal também é pauta da cidade. É um assunto urgente e necessário. Levo o neto canino Quincas Fernando todas as tardes para brincar no cachorródromo do Tesourinha, onde ele fica mais de uma hora correndo, gastando energia e socializando com os demais aumigos e aumigas.
O espaço é cuidado pelos usuários do cachorródromo que realizam limpezas periódicas, já colocaram algumas placas pedindo cuidado no recolhimento das necessidades dos cachorros, controlam a entrada e saída dos animais, uma vez que o portão está estragado e não fecha de forma adequada, providenciaram a plantação de algumas árvores para dar sombra e improvisaram bancos de restos de construção para sentar enquanto os pets brincam. E, claro, criaram laços e organizam encontros, festas, aniversários, em que os animais são permitidos e bem-vindos.
Não há nenhuma intervenção da Prefeitura no local que, embora não seja ainda oficializado como cachorródromo, é tratado como tal. Nos últimos dois anos, o que se conseguiu - depois de muita luta porque até isso era tarefa de tutores e tutoras - foi o corte da grama de forma mais regular. Nada além disso. Não tem placas - exceto as que colocamos - não há lixeiras, a iluminação é precária, e os dois portões de acesso necessitam de consertos e um sistema de fechamento mais seguro.
Por isso, aplaudo e desejo muito sucesso para a iniciativa da Natasha. Só quem tem pet sabe como é necessário e importante um espaço seguro, bem cuidado e com tranquilidade para a convivência e o lazer dos cachorros.